Perguntava-se onde estaria seu mestre Camus e também Hyoga (e se estava bem!). Perguntava-se o momento em que chegariam para buscá-lo e levá-lo de volta para casa para se tornarem novamente uma família. Embora estivesse eternamente marcado se sentia muitíssimo contente pelo sacrifício que havia atingido, pois o que era um olho contra a vida de um querido irmão?, nada – Hyoga lhe era muito mais valioso, aliás, daria a própria vida por este. Perguntava-se – ainda – quando Camus e Hyoga viriam salvá-lo¹. Certa vez, dormindo encolhido e escondido atrás de uma rocha daquele mundo desconhecido Isaack sonhou que seu mestre havia mergulhado naquelas terras adjacentes à terra de Atena e lhe buscara. A própria criança saiu euforicamente correndo para os braços de seu pai-mestre e se esquecendo de tudo que havia aprendido desde então se mostrava naquele sentimento alegre e inocente de criança quando se reencontra com o pai que voltava de viagem. Então, abriu o olhinho e viu-se novamente sozinho naquela terra estranha. Corajoso o menino não derramou uma única lágrima. Sentia-se sempre amparado pela muleta da inocência, mas... A inocência começou a se enegrecer e a esperança a se perder definitivamente naquelas águas frias do então céu. É curiosa a transmutação que se opera em um indivíduo quando este (mesmo criança) se encontra irreversivelmente com a amargura. O belo coraçãozinho inocente se tinge de preto, os olhinhos (olho) morrem contra uma placidez opaca, mas não sem antes se soçobrarem no ódio. Agora, aquele adolescente não se perguntava mais “quando” e sim “por que”. É inevitável sentirmos a fria lâmina de o arrependimento castigar questionamente nossas almas. Com o pobre menino não seria diferente. Agora, na realidade, mirava-se no espelho e o reflexo de sua feiúra lhe fazia mal e o outrora sentimento alegre era substituído pela revolta. Se fosse uma personagem do filósofo francês Camus dir-se-ia que havia despertado para o absurdo. No entanto, para Isaack não havia mais esperança (ao menos de resgate) e o suicídio lhe era uma idéia demasiado rústica e impraticável. Acariciava o olho ferido e sentia na cicatriz ódio, culpa. Então, ocorreu o que acontece em casos típicos em que o emocional fala mais alto que a razão e o órfão se vendo cego de um novo sentimento de ódio começou a se castigar. Na realidade, Isaack passou a se culpar. Viu, finalmente, a razão de Camus não tê-lo salvado: era fraco. Viu-se culpado pelo destino trágico, era o arquiteto de sua própria destruição. Conta-se que certa vez ouviu-se à distância de cem metros o contínuo som abafado de socos. Era Isaack que golpeava um gigantesco pilar de marmóreo brilho. Sejamos realistas, pois é necessário: em situação de igualdade os golpes daquele pobre miserável haveriam reduzido o pilar em ruínas desiguais. Conta-se que no mesmo ocorrido as mãos do pobre menino mesmo quebradas e sangrando continuavam golpeando. A robustez daquele pilar cujo pináculo sustenta o mar Ártico mesmo chorando o sangue que lhe era borrifado se mantinha inalterado. A tez coberta de suor era tingida por uma lividez completamente desfigurada pela raiva. |
– Fraco. – Burro. – ... |
Há muito tempo não chorava. Aliás, a última vez foi quando se despediu do túmulo de sua mãe e foi embora para Rússia, para tornar-se cavaleiro da justiça. Agora, no entanto, reduzido àquela posição fetal o pobre menino chorava... Questionava-se em meio à própria angústia o sentido da justiça. Não. Isaack também se culpava. Era inevitável que aquele seu ódio para contra o abandono (de seu mestre e Hyoga) caísse num reduto que lhe afogasse o coração e fizesse transbordar então a raiz da culpa. Era ele o único e exclusivo culpado. Havia agido através do sentimento quando desde o momento que começou seu treinamento era advertido em não o fazê-lo. Quantas e quantas vezes havia sido advertido sobre a fraqueza que este mecanismo proporciona? Mesmo assim havia agido cegamente. Talvez não. Talvez ele houvesse reconhecido além da beleza do sacrifício de Hyoga a essência real que motiva um verdadeiro cavaleiro à justiça. No entanto, foi inquestionável que aquela voz nefasta lhe soprasse nos ouvidos “o que ganhou com isto?”, antes de ser cavaleiro era, com toda força, humano e jovem. Havia se sacrificado, havia feito o que julgou ser justo para que no fim fosse abandonado? Levado pela maré do esquecimento e simplesmente deixasse de existir? Que justiça desgraçada era esta? A revolta ascendente, pois não conseguia obter sólidas respostas (sabia-as, mas por alguma razão se relutava em aceitá-las definitivamente) lhe castigava através de uma angústia inesgotável. Havia sido fraco, sentimental e cego agindo com o coração quando deveria ter agido com a sapiência. Havia ignorado a razão e então agido por instinto. A verdadeira justiça não pode abraçar e acolher aqueles indivíduos fracos. Para ser justo e poder pregar a justiça era necessário ser forte, invencível e impassível. Conta-se que após este episódio o menino muitas vezes foi visto treinando em silêncio além de ser pego meditando, mergulhado em um profundo estado de reflexão. A experiência de vida evidentemente surge ao decorrer da mesma, no entanto, nada proíbe que alguém a desenvolva de forma mais rápida que as outras pessoas. Aquilo que não mata o torna forte, mesmo embora fosse a própria fraqueza a raiz de sua cripta. Às vezes, buscamos respostas significativas para o mal que nos fere – mesmo embora estas, muitas vezes, podem no fim ser erradas. Então, por que não tomar as próprias rédeas de seu destino e se tornar auto-suficiente? Aqueles que amou (e pensava ser amado) lhe cuspiram na cara, lhe chuparam o sangue e jogaram sua carcaça vazia em algum aterro qualquer. A justiça da deusa Atena se fizera cega pelo seu sacrifício, deixou que um pobre menino de doze anos se perdesse sozinho naquelas águas e também que sua inocência fosse destruída. Depois do episódio que chorou como criança Isaack se prometeu jamais chorar novamente. Prometeu não em esquecer o passado, mas cultivá-lo em algum lugar adjacente de sua dor, para que lhe sustentasse e sempre lhe lembrasse a razão de sua queda. Havia descido ao inferno como anjo e se tornara demônio (e mais tarde soube que Hyoga subindo aos céus como demônio se tornara anjo, virando cavaleiro de Atena). Tudo que havia feito julgando ser correto se virou contra ele, marcando-o com o fogo... Jamais seria aquela criança inocente novamente, jamais seria aquele sonhador que repousa nos braços de uma justiça ilusória e derramaria todo seu sangue por Atena e por aquele mundo. O mundo lhe virou as costas e ele de início chorou, amedrontado, no entanto, finalmente, havia aprendido a lição de cuspir naquelas costas e não ignorá-la, mas mudá-la para o que realmente deveria ser. Então, como se abrisse os braços e deixasse que lhe roubassem o que lhe restava de bom o corpo delgado foi coberto por metálicas escamas áureas e Poseidon admirado pelo seu sacrifício lhe envolveu nos braços e lhe tocou nos lábios com o sopro de uma nova forma de vida, na realidade, uma alternativa. Então, tudo lhe fez sentido – finalmente. As memórias do lendário monstro lhe salvando se reavivaram pela primeira vez e percebeu ter sido escolhido a dedo para ser o arquiteto – entre outros – de um novo mundo. Ajoelhou-se à frente do magnânimo deus reencarnado e ergueu a cabeça para então se apresentar como o general-marina Isaack de Kraken, o lendário monstro implacável agora nascia através daquela alma que um dia ousou ser inocente, que um dia ousou sonhar para com o bem e com a justiça e que em troca ganhou nada além do esquecimento... |
¹ Optei, como se nota, por um enredo um pouco alternativo ao do anime/mangá. Aliás, tomei apenas a liberdade de alterar algumas coisas para contar o desenrolar de um Isaack bom (criança) para com um Isaack impassível (general-marina). Tentei não fazer algo muito maçante e com muita coisa supérflua, me prendendo no que julguei essencial para o desenvolvimento.
PS.: Isaack de início não teve conhecimento que Kraken o salvou, não se lembrava pós-ocorrido e vendo se lembrar após suas mudanças de caráter.
PS2.: Julguei melhor em fazer uma estética diferente de cores, pois não queria retratar com as cores costumeiras das escamas, por exemplo, já que este foi um turno de “transição” e quis fazer algo mais neutro.
Isaack de Kraken possui uma única técnica – Aurora Boreal. Possui um poder inferior a Execução Aurora e sendo superior inicialmente ao Pó de Diamante, Trovão Aurora, por exemplo, assim acredito. Basicamente o general-marina concentra seu cosmo fazendo surgir um intenso frio característico. Evoca o frio do Ártico e sob uma ilustrativa Aurora Boreal lança sua técnica à frente, em um lançamento retilíneo a técnica ao golpear o adversário do general sofre além do típico dano do impacto maciço um considerável congelamento.
Isaack, assim como Hyoga foi discípulo de Camus ou Cavaleiro de Cristal, este, por sua vez, sempre se destacou nos ensinamentos mostrando uma incrível garra e poder. Aliás, o próprio Hyoga dizia que era inferior ao colega finlandês. No entanto, como vemos ao longo de sua aparição tem o poder produzir/manipular o ar frio como qualquer cavaleiro de gelo. Outras técnicas, como, por exemplo, o Pó de Diamante não lhe pertencem, pois julgo que talvez Hyoga a tenha aprendido pós-acidente. Entretanto, algo que eu creio ser possível fazê-lo são aqueles pequeninos anéis de gelo que paralisam o inimigo, já que é uma técnica que qualquer cavaleiro que tem o determinado dom poderia fazê-lo, através da prática.
Bem, não há elementos suficientes para julgar o Isaack atual. No entanto, há elementos suficientes para compreendermos com se deu a formação do Isaack natural. Fez um teste interessante, em uma veia completamente diferente das costumeiras que as outras pessoas geralmente traçam com Isaack. Gostei. Achei criativo, achei bastante possível e me convenceu.
No entanto, como não há nenhuma fonte que explique algumas técnicas de Isaack que você supôs como o Kolitso, te aconselho a não usar este tipo de manobra.
Com isto, o player William está APROVADO