⍺ Lendas são narrativas fantasiosas transmitidas através dos tempos pela tradição oral. Elas são o início de tudo que se conhece sobre folclore, mitologia e religião, ganham força com a passagem do tempo e inspiram pessoas e nações. As lendas sempre estiveram vivas em Asgard, nas coisas mais simples. As lendas viviam na maneira como o povo asgardiano trabalhava, se alimentava, se relacionava. Em como eles amavam uns aos outros, e no modo, ora respeitoso, ora não, se odiavam. Tudo estava interligado, passado e presente; e o passado, contado através de gerações, era como uma luz que guiava esse povo para frente. Até mesmo quando a paz foi afetada pelos planos gananciosos de um Deus de outras lendas, as antigas lendas asgardianas se provaram verdadeiras, e os Guerreiros Deuses desceram das estrelas para proteger seu povo. E agora, o herói de Asgard estava prestes a descobrir que sua lenda seria maior ainda.
A paz parecia voltar à Asgard. A catástrofe não afligia mais as esperanças do povo, e sua governante, Hilda de Polaris, estava livre do encanto do anel de Nibelungo, recobrando sua consciência pacífica e seu cosmo cálido. Mas Saori fora engolida pelas águas, o verdadeiro inimigo se apresentava no fundo do mar. As catástrofes naturais tomavam o mundo, inundando, pouco a pouco, a vida na Terra. Os Cavaleiros Atenienses tomavam a antiga passagem ao templo subaquático para enfrentar Poseidon e assim se dava mais uma batalha para os cavaleiros de Atena, tão ávidos por justiça. Em meio à nevasca, uma sombra conhecida se formava. A estrela Alpha dos Guerreiros Deuses se apresentava para o combate. O herói do norte não mais trazia consigo o fausto semblante de outrora. Seus olhos estavam frios como o azul que lhes era característico e seu sorriso pomposo dara lugar a lábios contraídos e sérios. De encontro aos antigos inimigos, declarou-se irmão de armas. À Hilda, jurou, com a insistência de um irremediável apaixonado, fidelidade; fidelidade à Asgard; à Odin.
A jornada do herói começara com a viagem a terras distantes. Desceram até além do fundo do mar, atravessando a fronteira dos domínios do Deus dos Mares. Que visão! O majestoso oceano por cima de suas cabeças, os corais; a vida tinha formas, cheiros e cores diferentes ali. No entanto, não havia tempo para se impressionar, a terrível mancha na honra de Asgard precisava ser limpa, e cabia a Siegfried essa tarefa. Olhou para o “firmamento” da Fortaleza Submarina e enxergou, não muito longe, um enorme pilar que se estendia até os limites do céu de Poseidon, percebeu que aquela construção se repetia em outros pontos, mais ao longe, para todos os lados. De onde estava pôde contar quatro. Pareciam importantes, bases militares, talvez; Poseidon parecia o tipo de deus bélico que manteria tais construções. Despediu-se dos Atenienses sem muitos dizeres, ainda que estivesse lá para combater Poseidon ao lado deles, o herói tinha suas próprias ambições, não esperou que os Cavaleiros de Bronze concordassem e seguiu em seu próprio caminho.
Aos poucos, rumo ao pilar mais próximo¹, podia enxergar mais: cinco, seis, sete e... nos limites do horizonte o herói viu o maior de todos. Parecia maior que os outros sete em todas as dimensões. Era suntuoso, reluzia com a luz que penetrava a Fortaleza Submarina através dos oceanos e parecia sustentar todo peso do mundo. Os olhos de Siegfried brilharam ao se deparar com o que concluíra se tratar da morada de Poseidon, seu coração se encheu de ódio, de vingança. Todas as fibras de seu corpo maldisseram a divindade que por pouco não trazia a ruína de sua amada nação. Era chegada a hora da consagração da lenda de Siegfried de Dubhe, a estrela Alpha. ⍺ |