As planícies que o sol jamais tocou estavam um pouco mais tristes, naquele dia. Uma figura sombria se aproximava a pequenos passos, almejando algo que, o que quer que fosse, não lhe pertencia.
Asgard não é apenas uma nação de gelo e tempestades. É o lar de seus guerreiros mais poderosos, lendas e deuses - o paraíso para aqueles que seguiam Odin. Aquele homem, invadindo sozinho tais terras..
Uma triste e lenta melodia começou a soar, tímida, em meio à nevasca. Conforme andava, o invasor seria gradativamente arrebatado por uma música brilhante, perfeita em sua composição e execução, repleta de sentimento. Uma música que visava penetrar sua alma e seus ouvidos, que lhe abraçaria por inteiro e o inundaria de culpa e pesar. Não pertencia àquelas planícies, cada vez mais teria consciência disso. As notas e acordes, dedilhados suavemente em arpejos, lhe atraíam pela beleza e curiosidade de haver, afinal, alguma coisa naquele lugar. Mas em contrapartida, a melodia o expulsava, mostrava-lhe a porta de saída, deixava claro que não era bem-vindo. Tais acordes que buscavam pesar-lhe o peito, como se houvesse toneladas sobre seus ombros e seu corpo fosse uma casca vazia, sem alma, sem rosto, sem vida para sustentá-lo sobre os pés.
Uma música verdadeiramente triste. Pesarosa e, como quem diz adeus ao invés de até logo, melancólica. Cinzenta, amarga. Um lamento maravilhoso, a mais bela lágrima já derramada por Asgard.
As planícies puras expulsavam o homem de preto, sob neve, vento e lira. |