Última edição por [AE] Taurus|Aldebaran em Dom Fev 28, 2010 3:46 am, editado 2 vez(es)
Dante de Cérbero vs Geki de Urso
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Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Última edição por [AE] Taurus|Aldebaran em Dom Fev 28, 2010 3:46 am, editado 2 vez(es)
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Era-lhe, pois, impossível esquecer a vergonhosa derrota para Seiya de Pegasus na Guerra Galáctica, malgrado a bruta força física que possuía com orgulho. A verdade é que este pensamento o assombrou com ardor durante os vários dias desde seu regresso ao gélido Canadá, palco de seu árduo treinamento que, no final das contas, acabou por se mostrar como um grande equívoco. Agora, então, ele tinha a oportunidade ideal para provar o seu valor, para provar que as noites em claro em sua cabana a matutar sobre os motivos de seu fracasso não foram em vão: era a oportunidade de Geki se firmar como um cavaleiro e redescobrir todos os motivos que o levaram a querer se sagrar um santo de Athena. O urso estava prestes a rugir! |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Os curiosos olhos ursídeos foram atraídos pelo fulgor metálico-azulado gerado entre as mãos do oponente. Fixou seu olhar na maça de ferro, acompanhando o movimento pendular desta pendendo sob a corrente. Aquela era a arma de combate do cavaleiro de prata: deveria achar um meio de neutralizá-la assim como acontecera com seus poderosos braços. |
Entretanto, precisava vencer para descobrir as respostas para tantas lacunas existentes em sua vida. A arrogância e o desdém do inimigo, longe de intimidá-lo, somente o estimulavam mais. Ora, ele mesmo havia sido presunçoso; ele mesmo havia menosprezado um adversário. O custo disso foi a queda, e esta foi uma lição valiosa. Agora era ele o azarão, e tinha plena consciência disso. Ademais, até preferia sê-lo; a adrenalina começou a correr freneticamente em suas veias, deixando-o ansioso pelo começo do combate. |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
O olhar se fixou adiante, espremendo-se para enxergar perfeitamente através da breve cortina de fumaça e pedregulhos erguida com a partida de Geki. As imensas pernas do garoto se cravaram no solo ungido em sangue, catapultando o seu corpanzil em direção ao Cérbero. Este, no entanto, nada fez. Permaneceu ali, estático; o olhar semi-cerrado fixo sob a silhueta imensa do urso de bronze, que avançava, avançava e avançava... Já estava bem próximo. Pôde olhá-lo nos olhos bem de perto. Ou melhor, pôde olhar através deles, e tudo que viu foi obstinação. Uma obstinação proveniente da idéia inequívoca de que Athena estava ao seu lado. Pelo menos era o que ele dizia. Ridículo. Como o amor de Athena queimaria em prol daqueles que traíram sua própria identidade, os seus próprios ideais? Toda aquela ladainha já estava lhe enchendo o saco. Contraiu o bíceps direito com toda a força que tinha, estocando o braço pouco acima da altura do queixo, e ali o manteve. A corrente ergueu-se em conseqüência, chicoteando a bola de aço para cima. Observou os espinhos romperem os ares rente aos seus olhos, e um urro másculo irrompeu dos seus lábios. O rugido do Cérbero. |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Última edição por [AE] Leo|Aiolia em Sáb Mar 06, 2010 4:38 pm, editado 2 vez(es)
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
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...eu te prometo, mamãe! ...te prometo, mamãe! ...prometo, mamãe! ...prometo! ...mamãe! |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Então era só isso o que ele poderia fazer? Mesmo depois de ter retornado às Montanhas Rochosas, seu extenuante treinamento não havia lhe proporcionado outros frutos que não uma ilusão de crescimento? Tentou se erguer mais uma vez empregando a força bruta que lhe era tão característica, mas o braço trêmulo não mostrou a potência de outrora e vacilou, completamente incapaz de levantar não somente o seu peso corporal, mas acima de tudo a inefável carga que perdurava em seu coração e o remetia a um emaranhado de decepções e dúvidas. |
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Geki arrumou seus poucos pertences em uma mochila bastante surrada com certa pressa e preparou-se para ir embora logo que o sol nascesse; havia inclusive deixado escrito um bilhete de despedida, pontuando cada frase com suas amargas lágrimas de incompreensão e medo. A lenha já havia terminado de queimar, escurecendo a morada completamente; aquela noite estava muito gélida, como era comum naquele período do ano, e então seu mestre, o Sr. Hughes, ordenou ao pequeno Geki que fosse lá para fora pegar mais lenha na clareira ao redor de onde moravam. Geki baixou a cabeça, resignado, e pegou o grande machado recostado do lado da lareira ainda morna com suas mãos já calejadas de tanto treinar. |
O grande caçador havia conseguido segurar o impacto das patas do urso e rapidamente passou da defesa para o ataque: ambas as mãos foram certeiras em direção à artéria carótida e à veia jugular do animal. A pressão exercida pelas enormes mãos de seu tutor era extraordinária, conseguindo comprimir a traquéia com tanta violência que no mesmo instante o urso apagou, perdendo completamente o ar e consequëntemente a consciência. Não obstante, o Sr. Hughes só largou o pesado bichano que havia erguido pelo pescoço quando ouviu o inconfundível estalo de seus ossos. Estava morto. |
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Com seus bem torneados tríceps, fez um movimento de extensão e levantou o peso do corpo até conseguir dobrar um dos joelhos e, por fim, esticar a outra perna até ficar ereto. Com o dorso da mão, limpou o filete de sangue que descia como um córrego pelo canto de seu lábio inferior um tanto inchado. Finalmente voltou a olhar para Dante, e então sorriu. Não era um sorriso arrogante, cínico ou debochado; tampouco era aquele semblante de alegria, mas era um sorriso mecânico e vazio de quem teve que descobrir como viver daquilo que mais odiava. |
Última edição por [AE] Leo|Aiolia em Ter Mar 02, 2010 10:28 pm, editado 1 vez(es)
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Aquele, possivelmente, foi o dia mais triste de sua vida. Desde aquela fatídica tarde pouco ensolarada, ainda no navio cargueiro onde viajou clandestinamente, jurara não mais chorar. Não na frente de alguém. Por isso, quando retornava do seu campo de treinamento para repousar, após uma ou duas semanas, se enclausurava naquele quartinho sujo e apertado dos empregados, agarrando-se aos joelhos e despejando todas as lágrimas que insistiam em lhe apertar a garganta. Percebeu desce o início, por sorte, que Marco, seu mestre – ou torturador, como queiram chamar –, sempre ficava por detrás da porta, tentando ouvi-lo, procurando algum ato condenável para espancá-lo ainda mais. Chorava, então, ainda mais baixinho, prendendo o nó que lhe apertava o peito no meio da garganta; sofrendo cada dia mais e mais, enxugando as lágrimas com pontapés e bofetadas. Aos poucos, foi retornando às montanhas rochosas onde a sua presença corpórea sempre esteve. Pensou que Geki houvesse, de fato, morrido, tamanho foi o tempo que ficou estirado em meio à pedra batida, mas suas suspeitas se apagaram na inverdade. O urso ainda tinha forças para lutar. |
Realinhou as mãozorras pelas correntes. A esquerda deslizou mais à frente, aproximadamente pela metade de sua extensão, e a direita, já que era destro, servia de base para um possível arremesso: mantinha-se praticamente nas micro-extensões finais da corrente, bem próxima à segunda bola de aço. |
A corrente pareceu sentir a fúria contida do seu dono: agitou-se, oscilando de um lado para o outro, tal qual uma serpente prestes a dar o bote. O seu cosmos fluía cada vez mais negro, cada vez mais envolto numa mortalha de sombras... Não que achasse que aquele sentimento era algo correto, justo, bondoso; não era hipócrita a esse ponto - talvez um pouco cego, mas não podemos julgá-lo por isso, como veremos em breve. Achava, ou melhor... foi instruído, em meio aos terrores da Sicília, a abandonar o que trouxera desde criança em seu coração. “Se realmente quer ser poderoso, seu bostinha, você tem de se comportar como homem!”. Era o que ouvia todos os dias, sem excessão. Jurou não se tornar o que Marco sempre quis. Jurou esquecer todos os ensinamentos grotescos que ele o passou, focando-se somente em sua progressão como cavaleiro - claro, havia prometido aos seus pais proteger todos aqueles que não têm força de fazê-lo por si só, esqueceram? -, mas de nada adiantava. Inconscientemente, óbvio, o garotinho de cabelos castanhos e arrepiados ia se perdendo em meio ao breu do odioso Marco. A arma letal se ergueu aos céus, projetada pela força braçal do grandioso Dante. As veias do seu bíceps e ombro direito saltaram, se dilatando através dos músculos do seu braço. O fulgor do giro da corrente de Cérbero varreu a poeira e o ar, contendo todo o poder do seu cosmos. |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Screens meramente ilustrativas; considerar de acordo com o texto.
Como tu manja dessas paradas, Dan, acho que tu vai entender.
Se ficar meio confuso, me pergunta; se achar OP, avisa que eu dou uma editada. :*
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
Enquanto conseguiu manter o garoto distante, de um ângulo privilegiado, não havia tido problemas, mas, agora, à curta-distância, Geki mostrava que a chama do seu coração não fora apagada pela eterna gelidez canadense. Por pouco não pôde enxergar a imensa mão direita do rapaz e, ainda quando pôde, já foi tarde demais: um beijo frio lhe percorreu a espinha quando sentiu a sua carótida ser esmagada juntamente com a jugular. Por meio segundo, sentiu a vista escurecer. Quando a retomou de forma nítida, no entanto, não havia mais algo efetivo a se fazer para evitar o movimento ofensivo do urso. Tentou levar ambas as mãos, por instinto, aos musculosos pulsos de Geki, mas algo impediu a direita. O aperto em sua articulação, na junção do úmero com a dupla esqueletal do antebraço, foi tamanho que o urro, esmagado pela mãozorra do urso, se conteve num sibilo quase inaudível. A mão livre, contudo, apertava com toda a força que tinha, enquanto sentia a vista ser engolida pela mortalha de sombras. Os sentidos iam lentamente se perdendo no ébano de sua vista já fosca... Iam lentamente se misturando à agonia que jamais deixou de sentir desde que deixou o seu casebre em Milão. |
Dizem aqueles que chegaram muito perto dela, a tal Morte, que nesses momentos suas mentes foram varridas por vendavais de antigas emoções, de lembranças mil espalhadas pelos solos desiguais que se tornam as suas mentes, como um líquido imiscível que demora a se assentar, findando, pois, a borbulhar em suas idéias como as chamas daquilo que não quiseram ou não puderam fazer em vida - ora, todos os homens têm as suas vontades incompletas, os seus arrependimentos! Mas, incrivelmente, na mente daquele guerreiro não ocorreu nada disso. Permaneceu oca, estranhamente vazia, como se o seu corpo estivesse numa dimensão paralela e fria, que o castigava, no pós-vida, pelas suas escolhas errôneas em vida. De pouquinho em pouquinho - demorou, realmente, um bocado! -, os seus olhos foram abrindo, mas nada enxergou. Tateou pelo escuro e nada tocou. Caminhou, então, à frente; era a única coisa que poderia fazer naquele breu que lhe abocanhava a carne na incerteza do seu ser. Cerca de meia dúzia de passos e topou em algo. Tentou novamente dar uma passada, para ter a certeza de que havia algo inerte abaixo dos seus pés, e constatou que sim. Espalmou as mãos à frente do tórax, tentando materializar a corrente de aço na qual depositava toda a sua força, a sua honra, os seus intentos em vida. Nada. Estava sozinho... E com medo. “Ora, medo?!”, pensou para si mesmo, tentando se livrar do frio que lhe atravessou a espinha de súbito; mas sim, estava. Tênue é a linha que separa o ódio do amor, o medo da coragem, o bem do mal. Certo dia havia ouvido isso numa conversa do seu pai com um dos amigos, o barrigudinho de bigode engraçado a quem nunca havia dado atenção. Jamais concordou tanto. |
O metálico-azulado que havia o abandonando no adorno de sua derme ressurgiu num regurgito súbito: se expandiu, engolindo a luz bruxuleante do final da tarde e queimando a pele de Geki como a pior das chamas. Decerto, aquele não era o poder de um cavaleiro de prata; por um segundo, alcançou o tão sonhado poder que somente os doze seletos homens de Athena podem: o sétimo sentido. O seu cosmo brilhou num tom de ouro, para então explodir. Urrou; dessa vez não de dor, mas sim para extravasar toda a agonia que sentira até então, para liberar toda a dor que lhe afligia aquele coração repleto de espinhos. Após se desvencilhar do aperto do urso, saltou cerca de dois ou três metros para trás, estalando o pescoço e retomando a corrente em mãos, que ressurgia após um abrupto brilho anil em suas palmas. |
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Re: Dante de Cérbero vs Geki de Urso
O braço esquerdo tinha conseguido neutralizar o ataque vindouro e, não obstante, imobilizado seu oponente numa apertada chave aplicada com maestria; a mão direita, por sua vez, exercia uma pressão incomensurável sobre a garganta de Dante, tentando esmigalhá-la até o ar já escasso se acabar; não entraria oxigênio sem sairia gás carbônico. Aquele era um golpe que precisava não somente de uma força incrível, mas necessitava também de uma precisão cirúrgica para conseguir pressionar os pontos certos. Logo mais, apagar-se-ia a consciência do inimigo aos poucos como tantas vezes acontecera com os ursos nas gélidas montanhas da América do Norte. Os olhos aparentemente sonolentos de Dante deram-lhe a impressão de que seu poderoso enforcamento iria abater mais uma fera selvagem, e quando o corpo amolecido pareceu se entregar, Geki soltou a chave de braço. Tendo novamente a mão esquerda livre, juntou-a à mão direita para dar mais peso ao aperto mortal. |
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Desde o dia em que desistira da tolice e da covardia infantis, desde o dia em que seu mestre salvou sua vida pela derradeira vez e o ensinou uma grande lição ainda fora de seu alcance... desde aquele dia, Geki parou de temer os ursos e se impôs a eles com uma grande bestialidade. Ele seria o caçador, e não a caça! Ele seria o forte, e não o fraco a ser subjugado! Ele estaria no topo da cadeia! |
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