Athena Exclamation 2.0

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Saint Seiya forum


    Babel Vs Raimi

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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:31 pm



    O triste capítulo da estória do valente Babel. Um soco passou zumbindo feito uma flecha ao lado de sua orelha. O ato reflexo que se seguiu foi surpreende. Aquele belo golpe encaixado na altura do abdômen fez com que o espectro tomasse ao chão, sem fôlego. Os olhos de Babel vibraram sem piedade, observando a esquálida silhueta do oponente que jazia ao chão se contorcendo. Se todos os demais guerreiros da horda profana de Hades fossem tão ridículos como aquele, a vitória estaria garantida – ao menos era assim que pensava. Aquela fácil vitória havia elevado sua moral. Elevado ao ponto de pisar na cabeça do inimigo que jazia tombado ao chão. Esmigalhava seu crânio contra o chão, rompendo o elmo através de pisoteadas inclementes. O sangue do espectro era derramado sem pudor ou controle, enquanto o valente centauro mantinha sua imagem mais elevado do que nunca, de braços cruzados perante os demais invasores que o encaravam com um pouco de espanto.
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    - O que estão olhando, seus vermes? Por um acaso vieram aqui para observar eu acabar com a raça de seu amiguinho? Pois bem... se vocês não vêm, eu irei!

    Babel saltou contra os adversários. Eram três. Um ameaçou um gancho durante a queda do cavaleiro. No entanto, esticando a perna direita, Babel o golpeou com potência na altura do queixo, levando o oponente ao solo. Babel pareceu pousar no solo como um pássaro; tudo bem que um pouco deselegante, devido à truculência do corpo, mas com habilidade! O segundo oponente já havia investido com uma “ombrada” frontal. Mesmo um cavaleiro de prata não teria velocidade suficiente para fugir de tal emboscada. Mas se por um lado a velocidade não era tanta, Babel possuía força! Com as mãos espalmadas, sustentou a carga realizada pelo inimigo, arqueando os joelhos e plantando os pés no chão com coragem. Aquele era o espírito flamejante do Centauro! Contraindo o bíceps e o abdômen, Babel começou a fazer força contra o corpo do espectro, que logo começou a ser movido para trás. Neste momento, o outro veloz guerreiro o atacou pelas costas, retirando seu equilíbrio e fazendo com que tropeçasse.
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    - Seu lixo! - Disse Babel, olhando o alvo com ódio e se levantando, apontando o dedo para o espectro. - Irá se arrepender amargamente de ter uma atitude tão covarde que é a de atacar um oponente pelas costas! Como posso ver, são uns malditos guerreiros sem nenhuma honra! Vou enviá-los para a profundeza dos infernos, de onde jamais deveriam ter saído!

    Uma fina camada de energia envolveu o corpo do cavaleiro. Das frestas da armadura, parecia que cinzas estavam brotando! Seu cosmo começou a produzir um som que muito se assemelhava a um crepitar, como se um braseiro se acendesse no fundo de seu coração, no interior de sua alma! Babel observou cada um dos oponentes. Assim como não havia remorsos ou arrependimento nos olhos de cada um daqueles comensais da morte, também não haveria nos seus. Deu um salto para trás, em diagonal, a mais ou menos cinco metros do solo. Os espectros pareciam confiantes, com um brutal sorriso de convencimento estampado em seus semblantes aparentemente desumanos. O cavaleiro estava convicto de sua preciosa missão – não falharia em proteger Athena e a humanidade. O brado de trovão venceu a atmosfera, fugindo da garganta do valente herói! E as chamas da esperança irromperam de sua essência com o ímpeto destrutivo e a velocidade avassaladora daqueles que protegem a paz a todo custo:
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:33 pm

    Definitivamente, ele havia chegado tarde demais. Haveria de ser punido, provavelmente, por causa de sua imprudência: se não fosse o tempo despendido deleitando-se com sua própria bestialidade, talvez aqueles três espectros ainda pudessem estar vivos – ou o mais próximo disso, levando em conta suas funestas existências – e talvez a balança tivesse pendido para o outro lado na trágica guerra. Seu egoísmo, no entanto, falou mais alto naquele momento, no instante em que viu tombar sem forças o corpo de seu adversário, no instante em que observou a centelha de esperança se extinguindo em seus olhos marejados, no instante em que decidiu, mesmo sem pensar, extrair da dor alheia o seu gozo. Não conseguiu se conter: era como se suas vísceras se remexessem incessantemente com aquela oportunidade – não poderia deixá-la passar! Torturou, pois, o jovem e pobre santo de Athena, transformou seus gritos de agonia em sinfonia para seus ouvidos, inebriou-se com o férreo aroma do sangue ainda fresco e desmembrou a carcaça já inofensiva de uma criança que dera tudo de si até o final enquanto poderia simplesmente ter acabado com aquela cena brutal e desnecessária e partido para outra, dado cabo àquele que agora havia aniquilado três espectros de forma brava e muito mais digna. Provavelmente teria deixado seu Soberano muito mais feliz desta forma, mas - como se pode perceber - racionalizar as situações não era bem o ponto forte de nosso feioso, porém relativamente carismático, antagonista.
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    - Argh! Que cheiro é esse?! É muito pior que o cheiro do primeiro vale ou o do terceiro fosso! O que será que aconteceu ali?!
    Perguntou-se diante de uma coluna de fumaça que subia aos céus sem fazer cerimônia, como o triste rastro que ninguém jamais seguiria. Havia sentido, sem dúvida, a energia tétrica de seus comparsas desaparecendo à frente, bem como captara em suas narinas o familiar cheiro de tutano queimado. Por uma ironia do destino, estavam mortos... de novo. Raimi, contudo, não se sentiu sensibilizado pela perda – longe disso! Talvez estivesse apenas um pouco apreensivo, pois para ele era notável o fato de um cavaleiro de Athena ter vencido Kiew, Ox e Miles sozinho. Em seu rosto esquálido, um sorriso nervoso se desenhou. Esfregou seus globos oculares displicentemente como quem deseja remover das pálpebras algum cisco que atrapalha a visão e o faz enxergar algo que não é exatamente daquela forma, mas era bem isso o que havia se sucedido. Um de seus tantos olhos anexos esgueirou-se pela escuridão que ainda subsistia no local, um pouco mais afastada do foco do incêndio, rastejando por um solo considerado santo como uma silenciosa serpente à espreita da presa, muito embora fosse apenas um verme.
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    - Então foi esse aí que acabou com eles? Sujeitinho marrento, hihihehehaha... - seus lábios se contorceram; suspendeu a respiração e apertou as pálpebras. Apesar de estar vivenciando um momento tenso, algo lhe dizia que aquela noite poderia render muito mais diversão do que esperava.
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:33 pm


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    “Queimem, desgraçados...”

    O espetáculo pirotécnico de Babel iluminou o céu e ofuscou as estrelas. Os inimigos se debatiam, tentando se libertar do poder invencível das chamas que consumiam não apenas seus corpos e suas vidas, mas também suas mortes. Porque em verdade ele não ceifava a vida dos vivos; exterminava a morte dos outros. Observado deste prisma, parece que há um desarranjo no sistema existencial. No entanto, isto faz parte da ótica obtusa e, de certa forma, bastante diferenciada do outro lado da história. O cavaleiro de Centauro sentiu o cheiro de carne se consumindo em cinzas e pó. Por fim, o último lamento de um dos condenados à danação no fogo da Terra. Aquele cavaleiro, ainda que em menor escala, provocava a sensação de se estar no inferno. O irônico daquilo tudo era que os próprios demônios pareciam temer e sofrer diante daquela sinistra constatação. No final das contas morreram sem dizer seus nomes, sob o anonimato invencível da fuligem.
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    “Seres desprezíveis! Venham dez, cem, mil! Enquanto eu, Babel de Centauro, estiver vivo, ninguém passará vivo por este cemitério.”

    Se o observador se permitisse por algum instante abstrair o foco do combate e olhar ao redor com severa atenção, notaria algumas humildes e maltrapilhas lápides, corroídas pelas intempéries do tempo. Naquela catastrófica noite que decidia o destino que seguiria a humanidade e o planeta, o valente conjurador das chamas da esperança era o guardião do templo dos cavaleiros mortos. Não era apenas uma honraria aos antigos companheiros de batalha; era também missão das mais árduas, já que, durante a história do santuário, grandes e explosivas batalhas já haviam ocorrido naquele local, sendo ele, muito provavelmente, um dos redutos mais irresistíveis do destino para impor suas decisivas batalhas. De peito inflado, exalando orgulho, o vigoroso e sempre bem disposto Babel parecia homenagear, com aquele incrível golpe incandescente, a alma de cada um dos valorosos cavaleiros ali enterrados.
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    “Parece que acertei ao vir até aqui. Provavelmente esses ratos medrosos tentarão fugir do conflito direto com a parte mais guarnecida do santuário. Pobres coitados! Cometeram grande engano ao tomar esta rota impossível! Hahahahaha!”

    O robusto guerreiro estava, como sempre, pronto a qualquer combate. Fora assim com Hyoga, na vez que fora humilhantemente vencido. Mas naquela vez estava contra Atena e só por isso havia sido sobrepujado. Seu orgulho não podia, de forma alguma, conceber que o Cisne o tivesse massacrado naquela inesquecível noite fumegante com suas próprias mãos e méritos. Não! Aquilo havia sido a vontade de Athena, e sob tal vontade até a mais destruidora derrota parecia ser de grande valor. Babel virou-se de costas, pronto a se afastar um pouco dali, indo para o outro lado do cemitério. Lá em cima, a constelação de Centauro emitia, vez ou outra, “brilhozinhos” de aviso, talvez desejando alertar seu protegido sobre o perigo iminente. No entanto, o senso de superioridade e a confiança inabalável daquele guardião implacável o impediam de olhar para os céus e se informar com aquela que a regia. A verdade também é que ele sequer saberia se comunicar com ela...
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:35 pm

    Apesar de toda a beleza contida naquela pira funerária, as cinzas, ainda acesas como vaga-lumes errantes, eram sopradas para longe pelo vento do esquecimento; a espiral de fumo logo se dissipou no ar como se nunca tivesse existido, fazendo com que os restos daqueles três seres se perdessem pela escuridão do céu, voltando a fazer parte da matéria negra inerente às suas pseudo-vidas. Raimi olhou para o firmamento, mas continuou impassível: para alguém que convive diariamente com a morte, o findar existencial torna-se praxe, de forma a perder seu impacto e se tornar tão banal quanto qualquer outro acontecimento desprovido de importância. Ele vivia a morte durante todas as incontáveis horas que se arrastavam na miserável escuridão, então... como haveria de se comover com isso? A morte nada mais era do que uma companheira inicialmente indesejada, com quem ele acabou se acostumando de uma maneira que tornou impossível seguir existindo, independente de sua condição, sem ela. Por isso, aquele triste fato para ele traduzia-se somente em ter menos três soldados lutando a seu lado – essa era a única preocupação que aquilo lhe trazia.
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    “Seus filhos da puta! Eu segurei aqueles caras lá embaixo pra vocês prosseguirem e o melhor que vocês fazem é me fazer perder tempo? Eu poderia ter deixado vocês três pra segurar a barra lá enquanto eu avançava. A cabeça de Athena iria rolar em muito menos tempo, droga!”
    Por outro lado, a morte, quando analisada sob o contraste da vida na superfície, tinha um sentido completamente diferente. No mundo de cima, a vida tinha luz própria: ela era um bem valioso - pobres eram aqueles que, tendo a oportunidade de aproveitá-la, deixavam-na passar sem significado. O calor do sangue humano ainda se fazia presente em suas garras; seus tentáculos vibravam com fome como se precisassem mais e mais daquilo. Algo naquele sangue, algo naquelas lágrimas... alguma coisa diferente existia ali e o excitava de maneira incompreensível. Provavelmente, era esse desconhecido sentimento de medo em relação à perda; a falta de valor que ele dava à existência fazia com que a agonia dos derradeiros momentos de suas vítimas fosse algo tão aprazível. Ao pensar nisso, sua expressão tornou-se mais doentia, e a boca, agora escancarada, exibia os dentes pontiagudos e desalinhados. Raimi apresentava um aspecto demente, e a respiração antes suspensa agora começava a ofegar.
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    “Eu imagino como será a melodia do seu último suspiro, o som do seu pescoço quebrando. Imagino como devem ser bonitas suas tripas pra fora do corpo com todo aquele vermelho gotejando. Eu quero ver como é!”
    Antes que se desse conta do que estava acontecendo, um de seus queridos amigos, aquele que servira como espião, projetou-se com desespero contra aquele homem aparentemente tão seguro de si; enquanto este tentáculo seguia em linha reta, outros dois fizeram questão de acompanhá-lo em busca daquela sensação tão preciosa que experimentara minutos antes, seguindo em curva pelos flancos em convergência. A pressa era tamanha que os tornava cegos: os alongados corpos cilíndricos destroçavam as lápides que se encontravam no caminho sem prestar o devido respeito à história daqueles homens ou ao sentimento dos outros que ficaram.
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    - Hihihihehehehahahaha! Morra, maldito! Morra! MORRA! – gargalhou com força, como se algo saísse de sua garganta por vontade própria. A voz ia se tornando mais alta e os perdigotos voavam em liberdade, saindo de sua bocarra e maculando aquele cemitério.
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:35 pm




    Sem saber do perigo que o espreitava, o cavaleiro fazia sua quieta vigília. Há alguns poucos metros dali, atrás dele, uma existência se esgueirava entre as lápides. As poucas flores que nasciam naquela terra fertilizada pela honra e pela glória estavam maltratadas pelo sangue e pelas botinas. Ainda assim, seu aroma podia ser sentido. Era uma fragrância agradável e quase melancólica, o que tornava acentuado o sentimento de desalento e solidão em um dia de céu sem lua. Foi quando a paz dos mortos e do vivo foi quebrada junto a algumas lápides. Os tentáculos “invisíveis” serpentearam no escuro. Pareciam animais selvagens prontos a fisgar uma presa indefesa. O som das lápides desmoronando e de suas pedras se chocando entre e si ligaram em Babel o sinal de alerta. Um pouco assustado – não era uma questão de medo, senão um elemento surpresa -, o cavaleiro de prata deu um salto curto, se afastando do local de onde brotavam os sons de mármore e pedra se deteriorando. No breu, forçando os olhos, pôde rapidamente conceber apenas um vulto que vencia o ar....mas já era tarde demais para milagres.
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    - Mas que me....Uóó!

    Sentiu o impacto em sua barriga no derradeiro instante em que se virou para observar o vulto. Seu despreparo e excesso de confiança haviam lhe custado caro. Mas o sorrateiro ataque do ser o que emboscava já havia terminado, porque logo dois vultos se precipitavam em duas laterais. Foi só então que entendeu que era atacado por estranhos objetos cilíndricos que pareciam ter olhos em suas extremidades. Notou também alguns ganchos. Mas aquela informação não foi suficientemente assimilada porque ficou, verdadeiramente, embasbacado e desconcertado com aqueles olhos gigantescos, quase grosseiros, amarelos e febris. Recuperando o ar o mais rápido que pôde, segurou o tentáculo que o atingira na barriga com a mão esquerda. E com um rápido movimento de corpo se livrou do segundo tentáculo, o que assomava pela esquerda com o ímpeto destrutivo de um animal. Conseguiu, também, segurar aquele com sucesso. Mas a terceira investida não pôde ser contida e ele sentiu em seu queixo e bochecha a força colossal daquela “arma” que o atingia. O gancho comeu um pedaço de sua carne, perfurando-o e deformando um pouco sua aparência. Pela ferida, começou a jorrar sangue em abundância.
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    - Seu filho da puta cretino! Que espécie de ser repugnante é você que ousa atacar um guerreiro pelas costas... VENHA AQUI, QUERO VER SEU ROSTO!

    Gritou Babel quase espumando pela boca, sentindo seu ódio lhe corroer a razão. Juntando o máximo de força que pôde, buscou atrair o que quer que fosse aquela criatura que o havia atacado para sua direção. Através de trancos e puxões, tentava puxar o inimigo e lhe retirar das sombras não para atacá-lo, mas para ver o maldito rosto sem caráter que havia investido contra ele em uma clara demonstração de falta de coragem e caráter. Reunia aqueles pensamentos sobre o oponente. Era verdadeiramente aquela sua opinião. Um ataque pelas costas era repugnante; era a pior das investidas. Fora assim que aprendera nos muitos treinos no coliseu, onde os homens valentes e valorosos colocavam suas vidas em risco em prol do crescimento interior e merecimento de proteger a deusa Athena. Nutrindo tamanha indignação, parecia bufar, com os olhos coléricos injetados de sangue. A raiva parecia se aprofundar nele, como se criasse raiz.
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    - SEU VERME REPUGNANTE! Que tipo de guerreiro é você? Farei com que se arrependa amargamente por não ter um pingo de honra!

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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:40 pm

    Aparentemente, tudo estava acontecendo fácil demais. A ilusão de seu sucesso sem contratempos corroborava com suas queixas sobre os falecidos companheiros. Isso resultava em um fenômeno psicológico bastante interessante: a Estrela Terrestre da Prostração se erguia! Inflava-se o ego daquele homem patético, aparentemente anêmico, de tez amarelada e portador de uma hiperlordose cervical considerável, em cujas faces se afundavam os olhos arregalados e opacos; tinha também o nariz arrebitado, deixando as narinas escancaradas, a boca grande com lábios exageradamente delgados e escuras olheiras de imemoriáveis noites sem sono tranqüilo. No momento em que suas presas golpearam o abdome do oponente e se fixaram em sua carne, no momento em que o último dos três anelídeos sanguinários acertou o rosto do santo argênteo e rasgou-lhe a face, no momento em que o rio carmesim começou a desaguar no solo... ah, meus amigos! Esse foi o momento no qual Raimi se sentiu mais do que apenas um espectro cadavérico! A adrenalina percorria suas veias, seu coração batia rapidamente: naquele estado de êxtase, sentia-se poderoso. Respirou fundo, estufando o peito com um orgulho que, pra falar a verdade, ele não tinha e nunca havia tido. Estava embriagado pela própria torpeza.
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    - Ah, então você ainda está vivo?! Se não fosse pela sua armadura, meu amiguinho já teria atravessado o seu tronco. – abafou uma risadinha meio esbaforida antes de erguer a voz com um tom mais firme. - Você não está em posição de dar ordens aqui! Se você quer me ver, então venha você aqui!
    Falava com uma voz irritante, estridente. Conseguia realizar a proeza de desafinar enquanto falava, deixando escapar alguns tons mais agudos de forma esganiçada. Tinha o ar triunfante, estava cheio de si. Apesar disso, parou de falar e decidiu partir logo para a ação. As presas do verme se fecharam, afundando alguns milímetros a mais na barriga do cavaleiro. Fez menção de puxá-lo pelo estômago, de arrastá-lo de ventre contra o solo, mas antes que pudesse recolher seu tentáculo, sentiu um tranco. Era bastante óbvia a forma como acabaria aquele cabo-de-guerra: embora tivesse firmado ambas as pernas no chão e flexionado os joelhos para manter uma base estável, a força física do robusto inimigo era muito maior. Malgrado seu esforço, Raimi acabou cedendo e desabando.
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    - Mas o quê?! Ai, ai! Porra!
    Aquele tranco havia deslocado o peso de seu corpo para um ponto de desequilíbrio, onde não tinha apoio. Tentou, então, equilibrar-se mais uma vez dando alguns passos estabanados para frente, mas a velocidade com a qual seu corpo leve foi puxado era maior que o seu tempo de reação no momento – vale lembrar que ele estava muito confiante e não esperava que algo do gênero fosse acontecer. Finalmente tombou, dando uma batida seca com o rosto contra o chão. Parece que o nosso querido Raimi chegou a lascar um dente com o impacto! O problema maior até nem foi esse, mas o espectro ficou quieto por algum tempo quando ouviu um determinado insulto. Lançou, pois, uma pergunta com amargura, com palavras lentas e pesadas.
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    - ...do que foi que você me chamou, seu calhorda?!
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:42 pm


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    - Pro inferno com seus elogios, seu VERME REPUGNANTE!

    Sentiu um corpo de peso relativamente ser tragado pela abundante força de seus músculos contraídos, símbolo de uma virilidade grega e uma opulência hormonal invejável. Aquela era uma musculatura bem constituída, fruto de árduos treinamentos com pesos e halteres no santuário. Para ele, um guerreiro que buscava o contato físico em demasia, era necessária grande consistência em desempenhos cardiovasculares de origem aeróbica e no levantamento de pesos. Isto fez com que Babel fosse, por muitos, considerado um implacável combatente. E sua determinação chegava ao ponto de, em dias de descontração, se reunir a inveterados soldados e amigos de arma para colocarem sua virilidade e poder físico à prova. Carregava com orgulho a vitória épica sobre Mouses de baleia em um combate totalmente físico e brutal, de socos, pontapés, técnica de chão e habilidades na luta Greco-romana. Babel era um daqueles muitos homens simples com características totalmente voltadas a um estereótipo de virilidade. Se tivesse sido criado no norte do Canadá, provavelmente seria lenhador. Se tivesse sido criado nas Américas, daria um bom minerador; como fora criado na Grécia, era cavaleiro... de Athena. Era o tipo de homem de muitos camaradas. Algheti, Mouses, Dante e Capella eram alguns dos muitos nobres amigos com quem dividira momentos de masculinidade invejável! E ainda que isto soe um pouco cômico, uma das grandes formas de lazer, e que realmente dava prazer ao estrondoso atleta, era a disputa em quedas de braços nos bares dos vilarejos próximos ao santuário. Sempre se lembrava com um pouco de nostalgia e ego ferido o dia em que tivera seu braço subjugado pelo potente cavaleiro de Hércules. A derrota não seria tão humilhante se não tivesse sido observada por uma bela e digníssima dama que os observava com os alhos astutos de um felino.
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    - Porque agora eu vou te esmagar como um inseto!

    Reunindo grande força, fez um movimento com os braços, fazendo menção de abri-los. Sendo assim, sentiu os ganchos se desatarem do abdômen, criando nova ferida que rangia em sua carne. No entanto, aquele tipo de ferimento não era qualquer coisinha a mais do que uma besteira. Para Babel, aquela seria apenas uma cicatriz a ostentar no futuro com orgulho e hombridade – caso saísse vivo daquele épico embate, obviamente. Foi assim que afastou os tetáculos de seu corpo com valentia e um olhar fumegante que muito parecia à explosão furiosa de um vulcão.Um pouco desajeitado, confiando em sua potência física, saltou para cima do vulto que estava, agora, caído de bruços, tentando se recompor. Mordia os lábios com força, como se estivesse pronto a arrancá-los com os dentes. Sua narina estava dilatada e sanguínea, e ele mais parecia um animal faminto do que um guerreiro. O calor da batalha parecia acordar seus instintos mais adormecidos. Por outro lado, sua razão parecia desmaiar diante da óbvia constatação de que aquele era um combate de morte. Para ele, um bravo, a guerra era o maior dos momentos; era a possibilidade da maior das honrarias.
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    - Seu nojento desgraçado! Vou te ensinar a ter um pouco mais de attitude de homem, seu VERME! - Bradava Babel em meio ao seu formidável salto repleto de valentia e sede de combate. Aquela parecia a postura de um centauro a galopar sobre o inimigo. A postura invencível do grandioso Babel – ao menos era assim que pensava em suas fantasiosas conjecturas baseadas em heroísmo. - UAAAAAAAAAAAAAA!!!!!

    Sua mão se fechava quando ele já estava a poucos palmos acima do inimigo. Os dedos comprimiam a palma das mãos e os músculos braquiais, peitorais e abdominais pareciam explodir à iminência do que seria, certamente, um grande golpe. Mais do que isso! Aquele “baita socão”, como alguns bem gostariam de chamar, era um incrível “Megaton punch”! Não haveria melhor forma de expressar aquela incrível brutalidade de punho e raiva que se precipitava sobre o oponente como uma avalanche de vontade e determinação, em uns olhos injetados não apenas de sangue, mas de uma cólera existencial que o oponente havia acordado nele no exato momento em que havia promovido aquela suja investida contra sua honra! Pagaria! Era isto que faria com ele – pensava ele enquanto ficava, também, a confabular como ficaria a cabeça do oponente no momento em que seu triunfal golpe o acertasse! Babel, o centauro, partia com tudo, como uma besta feroz, com o ímpeto explosivo de um animal mitológico.



    Última edição por [AE] Aries|Mu em Seg Fev 22, 2010 9:55 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:42 pm

    Paulatinamente, a firme voz de seu imponente adversário parecia desaparecer, tornando-se nada mais do que um eco distante, fraco; as cores da Terra, tão vibrantes mesmo na noite – e, por isso, tão diferentes do Submundo monocromático - pareciam diluídas, borradas naquela aquarela surreal; as areias do Tempo tinham seu fluxo de caída alterado, despejadas em letárgica queda, quase em estado de suspensão. O espectro ouvia apenas o reverberar de seu próprio coração e o ruído cíclico de seu inspirar e expirar. Era assim que Raimi sentia aquele momento. Contudo, aquelas duas palavras – verme repugnante – continuavam tendo sua ígnea força, ainda conservavam as características de outrora, de quando foram lançadas pela boca de Babel e ganharam vida além da intenção deste. Elas martelavam em sua cabeça com crueldade, fazendo suas têmporas latejarem e causando uma dor aguda em alguma parte de seu corpo, ou melhor... para além dele.
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    “Verme repugnante? Verme repugnante?! VERME REPUGNANTE?!!!”
    Aqueles estímulos culminavam em uma aflição espiritual, eram alfinetadas certeiras em uma chaga enraizada lá no longínquo passado. Verme repugnante: essa era a sua imagem para o mundo. Sempre fora. Como num piscar de olhos, lembrou-se da primeira vez, ainda na tenra infância, na qual se referiram a ele desta forma. Feio, magro e desengonçado, sem muitas aptidões para tarefas físicas e detentor de um intelecto não muito avantajado, sem talento para nada, Raimi era considerado um peso morto pela sua família e um futuro homem improdutivo para os interesses do Estado. Enquanto seu irmão mais velho era o orgulho da família, integrante do partido comunista, ele era menos do que sua sombra: ele era a criança sem futuro. Não demorou muito até decidir deixar seu lar depois de crises de autocomiseração. Perambulou pelas ruas de Vientiane¹ mendigando, dormindo sob o céu aberto e dividindo alimento com os ratos até ser acolhido por um senhor de idade bastante avançada, agricultor já com o físico debilitado para continuar a empunhar sua enxada. E foi nos plantios de arroz mais ao sudeste, no clima das monções, que teve seu mais forte contato com aqueles que eram sua alcunha e que viriam a ser seus únicos amigos. Subnutrido, alimentava-se somente de khao niaw² até descobrir nos vermes entre a vegetação uma boa fonte de proteína para mantê-lo vivo. E desde então ele nunca mais os viu da mesma maneira e passou a compreender o seu importante papel no ciclo de vida da natureza.
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    “Para o mundo eu não sou nada, para o mundo eu não existo; eu não passo de um verme. Eu sou o verme!”
    Até mesmo no Submundo, nunca fora visto com bons olhos. Sempre maltratado por seus superiores – e até por espectros da mesma patente -, o estereótipo de esquisitão suscitava ojeriza entre todos que o conheciam. Com certeza, o título de Estrela Terrestre da Prostração assentava-se muito bem em nosso sorumbático personagem. Entretanto, ele estava diante da única coisa que conseguia arrancar de sua alma um sorriso sincero, e não um sorriso falso de quem faz de si mesmo um tolo para agradar a outrem pela falta de outra saída. No campo de batalha ele podia ser mais do que aquele ser desprezível, carente de qualidades notáveis; no campo de batalha ele se sentia implacável, ele se sentia grandioso, ele se sentia tudo o que não era. Raimi crescia ao subjugar um oponente, e o que mais lhe aprazia era o fato de que justamente os vermes eram os grandes predadores da selvageria entre os homens. Inconscientemente, seus músculos flexores se contraíram, seus dedos se moviam e, antes mesmo de erguer seu rosto para fitar o combatente que descia com um poderoso ataque engatilhado, o terceiro de seus filhos, aquele tentáculo que golpeara Babel no rosto e que não havia sido segurado, voltou. Como se descrevesse a rota de um bumerangue, ele fez a curva e retornou, voando implacavelmente em direção à nuca do inimigo, tendo como objetivo usar suas presas assassinas para segurá-lo pelo pescoço e então mantê-lo no ar, evitando seu ataque.
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    - Repete aí o que você disse, Cenourinha. Vamos ver até onde a sua coragem chega, até quando você consegue manter essa pose heróica! Vamos, repete o que você falou! Do que foi que você me chamou mesmo, Cenourinha?!


    ¹: Capital do Laos, terra do nosso querido Raimi.
    ²: Arroz glutinado cozido no vapor.
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:46 pm



    O formidável Babel preparava uma cena derradeira para aquele episódio. A incrível investida física do colossal guerreiro. Mais um capítulo na estória do cavaleiro de prata com um complexo heróico ainda não distinguido pela psicologia. A este princípio de Complexo, então, vamos nomear Complexo de Babel, para homenagearmos nosso herói. No ar, saltando para o triunfo, como o guerreiro metafísico e ideal a salvar toda a humanidade, não se deu conta de que já estava, antes mesmo de iniciar seu ataque, enredado numa emboscada causada não pela habilidade do oponente, mas pelo instinto de honra ou qualquer coisa do tipo presente na criatura deitada ao chão. O tentáculo se moveu sorrateiro e letal às suas costas, sendo assim impossível prever ou pressentir o contra-ataque. A esquálida figura atrapalhada ao chão, na forma de um vulto negro e praticamente amorfo, começava a se desenhar para sua visão; por outro lado, a curiosidade infantil e até um pouco desnecessária em conhecer o rosto daquele oponente havia feito ele baixar a guarda como se fosse um lutador inexperiente, o que o descaracterizava como o grandioso Babel – o implacável e experiente guerreiro.


    Aquelas considerações que ele tecia a si mesmo no calor do embate poderiam ser confundidas com uma espécie de culto ao ego. No entanto, aquilo mais se assemelhava a uma barreira psicológica estritamente defensiva que ele criara no dia em que sucumbira ao gelo irrevogável de Hyoga. Ainda que em suas muitas fantasias ele houvesse perdido apenas pela vontade invencível de Athena, em seu coração havia ainda a cicatriz da desonra e da derrota como uma ferida purulenta. A imagem do pó de diamante se conflitando à potência ígnea de seu cosmos jamais saíra de suas memórias mais amargas. E como agravante, a imagem que se seguia era a de um vôo sem asas, onde ele sentia o poder flamejante de sua alma se esvair e praticamente se congelar diante da energia insuperável do Cisne. Desde aquele dia, inventara epítetos e formas de se convencer de que era poderoso, honrado, um cavaleiro de prata como poucos. – um digníssimo guerreiro de Athena. Porque ele havia sido sobrepujado ridiculamente por uma criança de seus quatorze ou quinze anos. Neste momento, enquanto em sua mente passava novamente um flash daquele lamentável ocorrido, sentiu o ar escapar como se a atmosfera ao redor dele tivesse se dissipado.
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    “Mas...O q...”

    As palavras, junto com o ar, insistiam em desaparecer de sua garganta. O contra-ataque de Raimi havia sido perfeito e, com a ajuda da atitude irresponsável de Babel havia encontrado a total eficácia. Tentou alcançar com os pés o chão, mas estava às ordens das “presas” metálicas acopladas ao tentáculo, que lhe apertavam a garganta como se fossem enormes unhas, causando algumas leves escoriações em seu pescoço bem trabalhado pelos exercícios para a musculatura do trapézio. De sua boca, um filete de baba escorreu vagaroso, deixando bem claros os indícios de seu desconforto àquela situação. As bochechas começavam a ficar mais sanguíneas, como se o sangue houvesse sido impedido de circular – o que já estava na cabeça não desceria. Seu corpo tentou ensaiar uma crise de tosse em meio a um “semi-desespero” que começava a se instaurar. Mas mesmo para aquilo os movimentos da garganta estavam completamente bloqueados. Ouvia as palavras do verme como um sinal de afronta. Aquilo muito se assemelhava à humilhação que havia sofrido contra o cavaleiro de Bronze.
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    “Desgraçado...”

    À medida que ouvia as palavras do espectro, sua raiva parecia ainda mais se enraizar. Reunindo uma grande quantidade de saliva que estava em sua boca, cuspiu sobre Raimi. A ira lhe permitira a irracionalidade; a irracionalidade lhe incitara àquilo. Não permitiria ser derrotado. Ele era um verdadeiro herói. E o fato de não morrer não estava apenas intimamente ligado à preservação de seu ego, senão com o sentimento inerente a ele de heroísmo inabalável, onde ele deveria fazer parte do grande corpo de combatentes que protegeriam a raça humana a todo custo. Em algumas situações mais clichês, os heróis ou os que se assim denominam teriam uma bela dama a lembrar para, assim, aumentar sua motivação em combate. A um herói tipicamente aos moldes gregos, como era Babel, tal estereótipo cairia como uma luva. Mas não era assim que se dava com nosso herói meio pateta. Ele não tinha sua princesa encantada, a dama de marfim a adorar e entoar cantigas provençais da península Ibérica! Ah não! E aqui vale ressaltar o romantismo pela forma tragicômica como se porta um herói tão confiante de si, mas que cai nas mais banais armadilhas! Pois Babel não tinha tal dama, em absoluto.


    Quando se sentia o cavaleiro andante, sempre pensava em quem seria sua musa coroada. Mesmo um “ogro” como Babel desejava constituir família. Mas as únicas raparigas que vinham à sua memória eram as “mui formosas” donzelas que vendiam seus corpos e honras nos vilarejos vizinhos em troca de algumas migalhas de comida e boas doses de vinho. Mulheres às quais ele entregara seu amor ainda jovem, antes de conhecer a deusa Athena. Enquanto alguns homens lutavam por deusas coroadas, Babel fazia o mesmo, mas não esquecia jamais de suas raízes de lutar também pelas meretrizes e pelas raparigas de maior rudeza que, em verdade e louvor, merecem tanto ou até mais que as deusas mimadas e mesquinhas. Pois sendo assim, Babel não possuía aquela motivação extra, tendo que contar única e exclusivamente com sua força de vontade e com sua necessidade de afirmação e imposição, o que faziam dele uma espécie de fracasso à tangente do sucesso.
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    - Te chamei de VERME REPUGNANTE, seu babaca!

    Pois Babel não se deixaria vencer. E sendo assim, buscou algum fator motivacional na memória. Para Seiya seria demasiadamente fácil. Para ele, era quase impossível. Sua mente pouquíssimo trabalhada não conseguia encontrar aquele fator de superação, algo totalmente necessário na raça humana. Enquanto muitos sobrepujariam a barreira do possível em prol de imagens da memória que tratavam como verdades absolutas, ele tinha apenas poucas e nada vibrantes imaginações, tal como as quedas de braços imemoriais e os combates puramente físicos no coliseu com seus bons amigos de prata e sangue. Mas espere! Aquele era um bom motivo. Todos eles haviam padecido em prol de algo maior. Era Athena, era a Terra? Não sabia. A verdade é que nem todos os cavaleiros são ortodoxos e de caráter impecável. Lutaria pelos sonhos de seus velhos camaradas, ainda que estes não habitassem mais o mundo visível. A imagem do grandioso Mouses, o invencível, surgiu a seu lado, lhe tocando o ombro. A cicatriz grosseira e grotesca o encarava de forma contundente. O rosto enfurecido do bruto homem baleia era uma frase sem sons: “Ei, imbecil, depois de me vencer em um épico combate na arena irá morrer para este fracote com menos músculos do que o próprio Misty?”. Sim, aquelas seriam palavras de Mouses...


    Então não poderia se entregar com tanta facilidade. A imagem do gigantesco cavaleiro de prata que tivera a vida encerrada à beira da praia se dissipava no infinito. Agora ele estava a sós, com o inimigo. Tentou inspirar, mas estava quase desfalecendo. Seu cosmos se acendeu primeiramente como uma vela. Ao sabor de um vento, bruxuleou levemente, e por ele foi alimentada. A chama crescia dentro dele. E suas mãos seguraram o tentáculo. Fechou os olhos. A imagem de um vulcão lhe veio à memória. Sim, aquele era ele, o grande Babel, capaz de impedir até mesmo as mais terríveis erupções! Agora, o que outrora era uma pequena chama se metamorfoseava em uma enorme fogueira a crepitar num mundo de escuridão e silêncio. E foi assim que ele abriu os olhos, no exato instante em que as chamas invencíveis do centauro começaram a lhe fugir das mãos e dos braços e consumir os tentáculos do verme.
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    - AAAAAAAHHH!!!!!



    Última edição por [AE] Aries|Mu em Seg Fev 22, 2010 9:58 pm, editado 2 vez(es)
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 7:46 pm

    Assim que o pesado e musculoso corpo do valente santo de Athena encontrou a interrupção de seu vôo majestoso rumo às glórias heróicas dedicadas aos vencedores da guerra através daquela asquerosa mão vermiforme, Raimi ergueu seu rosto - que apresentava alguns inchaços, hematomas e um filete de sangue no canto esquerdo dos beiços - e sorriu de uma maneira que, por falta de palavra melhor ou mais precisa, vamos aqui caracterizar como bizarra. Como lhe fora solicitado, ele agora revelava sua face sem timidez ou pudor, desferindo um olhar faiscante e malicioso para seu formidável adversário. Estava muito diferente do homem – se é que ele podia ser considerado como tal na acepção mais simbólica da palavra – que costumava ser, daquele sujeito careca que sempre baixava os olhos e evitava o contato visual direto. Ele ouviu então um som que em realidade não existia, ao menos não no mundo físico: a coroa de louros do bravo guerreiro caindo do topo de seus cabelos de fogo e se chocando contra o solo por causa do tranco recebido. Este som não se propagava através de seus ouvidos, protegidos por pontiagudas orelhas de abano escondidas pelo elmo, para chegar ao cérebro. Não! O barulho seco das folhas em queda nascia no hemisfério direito de seu cérebro, onde os processos cognitivos de uma criança solitária haviam se atrelado a uma percepção de mundo fora da realidade palpável: este ruído fora gerado pela sua imaginação fértil – e em outro momento, caro leitor, quando for mais conveniente, voltaremos a falar disso - e se espalhava pela sua alma como uma grandiosa onda que avança sobre a areia e, no repuxo, traz consigo toda a sujeira depositada sobre a praia.

    A sensação de conquista agia, pois, como um purificador em sua auto-imagem, filtrava seus pensamentos reflexivos de forma a induzi-lo a acreditar que era mais do que todos julgavam – ele e os outros. Raimi estava eufórico enquanto mantinha sua presa no ar, enquanto apertava seu pescoço como uma criança que segura um galhinho e sente-se forte porque sabe que consegue quebrá-lo. Era ele, o pequeno e frágil, o verme, o desprezível que realizava a grande façanha de derrubar a glória e a honra do grande, do poderoso, do louvável; era ele, o abominável, o humilde, o humilhado, o louco que impunha sua miudeza existencial sobre o bonito, sobre o valioso, sobre o nobre. Neste estado de júbilo, sua face se contorceu e seu semblante tornou-se assustador, adquirindo o aspecto de um lunático perigoso que se compraz com sua própria doença. Nem mesmo a cusparada de Babel, que lhe acertou certeiramente o olho esquerdo e escorreu pela sua face vagarosamente, parecia abalá-lo naquele momento. Pelo contrário: ele estava em catarse! A baba misturou-se com o sangue em sua boca, mas não encontrou seu destino final na terra; ela permanecia pendurada no queixo anguloso, pendendo como uma ofensa à beira do infinito – insignificante, inofensiva.
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    - Sim, eu sou um verme. Mas você sabe de uma coisa? Na morte, todos são a mesma bosta! Não importa se você foi poderoso, rico, belo, brilhante; não importa se você foi honrado, se você foi louvado, se você teve prestígio; não importa se você fez algo importante, se você foi nobre, se você brilhou. Todos retornam ao mesmo ponto: nós todos vamos apodrecer, nós todos exalaremos o mesmo fedor! – acalorava-se em seu discurso, em um dos raros de eloqüência. Suas carótidas pareciam dilatar, marcando um acentuado relevo em seu pescoço de tísico. - Mas o que é interessante nisso tudo é que... no final, são os vermes que vão devorá-lo. Eles vão decompor a carcaça do que um dia foi um cavaleiro da mesma forma que vão decompor a carcaça do que um dia foi um mendigo, um assassino, um estuprador. – resfolegava no meio da fala. Os olhos injetados de sangue faiscavam intensamente como se fossem saltar das órbitas e explodir. - Sim, eu sou mesmo um verme... mas eu sou o verme que vai se alimentar dos vestígios do seu orgulho. “Eis um cadáver formidável!” – essas são palavras que você nunca vai ouvir, porque, no final das contas, sejamos sinceros... você será somente uma coisa.
    Sua boca espumava. O tentáculo comprimia o pescoço do cavaleiro com aumento gradativo de força, como se desejasse fazê-lo sentir a dor em sua crescente de forma lenta para que ele se lembrasse dela e daquele momento de agonia, do momento em que um verme fez o fantástico centauro sofrer. Olhar para o rosto vermelho de Babel em notável asfixia parecia incitá-lo à barbárie. Seu querido amigo verme se esticou, buscou os céus como quem deseja uma testemunha para seu sucesso; completamente reto, oferecia o outro combatente como uma oferenda à Morte. Contudo, começava a sentir um outro tipo de calor em sua pele oleosa. Não era mais simplesmente o sangue oxigenado bombeado em suas veias, mas uma sensação térmica que vinha de fora e que se transformava de levemente desconfortável em uma ardência assustadora, capaz de queimar os poucos pêlos que tinha no corpo. Não demorou muito até a trilha de fogo se alastrar pelo tentáculo metálico como se ele fosse um rastro de pólvora. Refém de um surto psicótico, Raimi não se deu conta do que estava acontecendo, e já era tarde demais quando um clarão se aproximou na velocidade de um galope e englobou seu corpo em uma redoma ígnea.
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    - ...mas que diabos...?!
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    Mensagem por -Mu de Áries- Sáb Fev 20, 2010 11:18 pm



    As labaredas saltaram para o corpo do Verme com a inequívoca vontade do cavaleiro Babel, o bravo. Conforme o fogo corrosivo e ancestral iniciou seu trabalho incendiário, sentiu os tentáculos instantaneamente se afrouxarem, como se aquilo fosse uma reação de reflexo por parte do corpo do cavaleiro. Não era muito, mas o suficiente para respirar mais adequadamente – no entanto, a situação ainda era delicada. Seus olhos cintilaram. O brilho do fogo se fixou no fundo de suas pupilas, naquela dança indecente, a eterna dança do fogo, qual a silhueta esbelta de uma dançarina do ventre. Aquelas imagens eróticas sobre a matéria em questão incitavam em Babel lembranças um pouco doces, mas cruéis.


    Ainda jovem, Babel, que não era o bravo, tampouco o macho, mas era o aguerrido, começou a conceber os complexos incandescentes da alma humana. Obviamente que da forma “Babelística do pensar”, onde não havia qualquer reflexão e as coisas se davam pela naturalidade instintiva, onde, juro por deus minúsculo e por Babel maiúsculo, ele se sentia um peixe fora d’água. O que leva a conclusão reta e inexorável de que o centauro era inconsciente de suas próprias consciências. Com um pouco de tristeza e muito fascínio, Babel jamais haveria de esquecer a memorável e incrível tarde em que o homem bomba se desfez em faíscas e religião, no auge de uma explosão catastrófica em frente à sua casa, em Bagdá. Naquele instante, uma espécie de chave de ignição – porque tudo ao que falamos sobre nosso digníssimo cavaleiro remete ao fogo – se ligou em sua alma. Tal qual um Prometeu, roubava fósforos, e tentava reproduzir os lampejos de explosão friccionando o palito na caixinha. Foi por esta época que foi enviado à ilha de Kentarus para o árduo treinamento ao que seria submetido para se tornar o cavaleiro das chamas eternas.
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    - Por Deus, pare com o Blá blá blá. Estou cansado de ouvir essas suas palhaçadinhas. Logo, logo eu vou acabar com você, seu bicho repulsivo. E quanto mais você fala, mais raiva eu tenho... aí vou te esmagar feito um inseto pavoroso.

    Babel aumentava a potência de suas chamas mais e mais. Causaria um estado sensorial de inferno na Terra. Embora aquela criatura esquisita aos olhos do viril Babel fosse um ser acostumado às camadas catatônicas do mundo, não era um dos muitos sofredores acostumados à danação no fogo, fuligem e pó. Sendo assim, é de se presumir que o carinha estranho com aparência duvidosa seria suscetível ao fogaréu abrasivo como toda criatura da espécie humana. No entanto, era de se louvar a garra, a determinação e a incrível coragem daquele espectro com uma armadura bastante esquisita, da qual saíam tentáculos para todos os lados. Babel pensava que aquele era um guerreiro de valor, porque mesmo através de suas claras limitações físicas se mostrava um grande adversário, do nível de Asterion, mas não certamente do nível de Algheti, porque o combate puramente físico era o alvo de sua predileção e admiração. Ainda assim, aquele “cara” era bastante bom, refletia Babel.


    A esta altura, o fogo deveria fazer seu trabalho. Já era hora de seu pescoço começar a ser solto um pouco mais. Respirar estava melhor, mas não totalmente confortável. O tentáculo ainda imprimia pressão contra sua poderosa e viril musculatura que sustenta a cabeça sobre o corpo. No entanto, não tinha absolutamente nada a fazer, a não ser alimentar o instinto assassino do fogo com o instinto feroz de sua natureza...
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    - TE VEJO NO INFERNO!

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    [Off]: Bagdá é a capital do Iraque, terra natal de Babel. Kentarus é a ilha onde ele treinou.


    Última edição por [AE] Aries|Mu em Seg Fev 22, 2010 10:01 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Convidad Dom Fev 21, 2010 1:06 am

    Ascensão e queda. Se pudéssemos definir nosso caricato personagem em duas palavras, estas seriam as mais adequadas para expressar a sensação de insignificância de seu ser. Raimi sempre teve predileção por subjugar oponentes mais frágeis, muito em função de sua própria insegurança. Seus alvos favoritos sempre foram crianças e mulheres, cuja falta de resistência produzia em seu cerne um falso sentimento de grandiosidade. Era tão fácil arrancar gritos de medo, era tão gostoso ouvir a respiração descompassada, era tão sublime observar o suor frio escorrer pelos rostos inocentes. Nosso amigo asiático usava o contraste entre ele e suas inofensivas vítimas para se colocar em um patamar elevado. Embora medíocre, este era um dos consolos de sua vida miserável, e mesmo que isto seja moralmente condenável, do ponto de vista psicológico isto era plenamente compreensível – o que, de certa forma, poderia absolver Raimi de seus pecados como se a ignorância e seus traumas pudessem agir como excludente de ilicitude frente aos olhos dos carrascos. Mas voltemos à questão crucial neste momento, que é a ascensão e queda. O espectro experimentava a impressão de voar livremente, como se estivesse acima de Babel, como se estivesse acima dos falecidos Miles, Ox e Kiew e, principalmente, como se estivesse acima do seu maldito irmão perfeito.

    Só que agora ele não estava se impondo sobre uma mulher ou sobre uma criança; agora ele havia saído da zona de conforto, havia saído dos limites de sua segurança, havia saído da área cinza de sua vida e se arriscava para valer no preto e no branco. O oponente era já um homem feito, e era acima de tudo um excelente guerreiro, um inimigo de fibra como ele jamais havia se permitido enfrentar. O estado de caos que se instaurou em sua mente teve justamente este fator como motivação: era a primeira vez em que não precisava olhar para baixo para, em comparação, sentir estar acima - era a primeira vez em que alçava seus sonhos e anseios com sinceridade e conquistava os céus. E a queda, meus amigos, eu não poderia expressar de forma fidedigna o que sentiu nosso querido e funesto personagem na hora da queda. Dizem que quanto maior a altura, maior é a queda – e foi exatamente o que aconteceu. Ora, era contra Babel, e não contra Jabu, com quem se digladiava agora! E talvez fosse realmente este o seu limite. Embriagado pela novidade que era torturar um bravo, ele tentou subir e descobriu que não tinha asas.
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    “Não pode ser... não pode ser! Merda!”
    O tentáculo que suportava a invencível torre que era Babel começou a afrouxar sua pegada. O calor magmático das chamas percorrendo a extensão do verme metálico afligia no pobre Raimi uma dor implacável, pois ainda que não houvesse conexões nervosas entre ele e seus apêndices, aqueles sorumbáticos e famintos anelídeos eram como extensões de seu próprio ser, como uma projeção de sua persona, um desdobramento além do ego. O voraz tentáculo acabou cedendo; os anéis metálicos se abriam e, espaçados, revelavam seu interior mais frágil, de forma que o fogo acabou por penetrar pelas frestas e carbonizar aqueles filamentos. Assim que se tornaram cinzas, acabaram por se desconectar da vestimenta bélica do espectro, caindo aos pedaços no chão e libertando assim Babel da altura em que se encontrava erguido.
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    - Maldito! Maldito! Eu vou empalar você! Eu vou empalar você, seu filho da puta! Você tá me ouvindo bem? Você vai virar ração pro Cérberus! – gritava freneticamente enquanto sua silhueta sumia em meio às labaredas. Será que resistiria àquele inferno por muito tempo? Oculto dentro daquele forno a céu aberto, Raimi tentava agüentar bravamente da maneira que podia.


    Última edição por [AE] Leo|Aiolia em Seg Fev 22, 2010 9:58 pm, editado 4 vez(es)
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    Mensagem por -Mu de Áries- Dom Fev 21, 2010 2:08 pm


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    - E agora, idiota?


    O calor já chegava numa espécie de ápice, em meio às chamas. Logo o tentáculo que estrangulava o cavaleiro de prata sucumbiu em meio ao fogo que eclodia do cosmos do cavaleiro, como se este fosse um vulcão em permanente erupção. Caiu de joelhos em um pouso bruto, com eco. A mão esquerda tocava o solo para amenizar a queda – que não era qualquer problema -, e mão direita foi quase instintivamente em direção ao pescoço, como em um afago. Acariciou um pouco aquela região magoada, fazendo com que os arranhões, escoriações e partes arroxeadas sentissem o toque de seus dedos. Ergueu o corpo e viu o sinistro espetáculo de sua “Fotia Roufihtra” consumindo, pouco a pouco, o oponente. Babel poderia investir contra ele naquele momento. No entanto, seu senso de honra e escrúpulo não lhe permitia tomar uma atitude vil e baixa como aquela. Sendo assim, ficou observando com severa atenção o labor intranqüilo do fogo.
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    - Onde está aquela sua confiança… VERME?!

    No meio do turbilhão incandescente, vez ou outra, a figura esquálida do verme parecia se debater. Não sabia se aquilo era a realidade ou se era apenas um espectro ilusório provocado pela deslocação ígnea através do ar, causando uma alteração visual, como ocorre nas grandes cidades. Aquela cena lhe remetia aos sofridos dias em Bagdá, onde, vez ou outra, alguns homens eram vítimas da fome do fogo, que consumia suas vítimas sem qualquer sinal de misericórdia, transformando suas existências em um misto de cinzas e fuligem. O cheio dos corpos carbonizados lhe era um tanto quanto familiar; era daquelas fragrâncias inequívocas que o incitavam ao combate, como uma espécie de animal feroz. Ainda que houvesse o excessivo apreço pelo físico, havia também o devaneio do fogo. Sendo assim, o cheio produzido pelos tentáculos carbonizados lhe aguçava aquele instinto onírico, fazendo com que a ignição dentro dele novamente se ligasse. Aquele era um verdadeiro combate.
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    - Vamos, anda, livre-se logo destas chamas. Não quero acreditar que você é tão fraco a ponto de sucumbir apenas com isto, seu desgraçado.


    A fogueira humana se refletia em seus olhos, enquanto ele notava, com um pouco de espanto, que o fogo que havia conjurado iluminava o céu no lugar da lua. Sentiu uma espécie de orgulho latente crescer em si como o sal de uma lágrima. Ao céu, o fumo dos tentáculos espiralados subia como uma serpente, se espiralando e contorcendo, levando consigo um pouco da insignificância do ser daquela triste e, incrivelmente, carismático verme.



    Última edição por [AE] Aries|Mu em Seg Fev 22, 2010 10:02 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Convidad Dom Fev 21, 2010 6:58 pm

    O grande turbilhão de fogo envolvia seu corpo esquelético sem dó com a fúria invencível de um gigante. As brasas crepitavam ao seu redor enquanto o fogo seguia dançando como em um ritual de morte. Acompanhando tais movimentos, seus olhos assustados se moviam rapidamente para todos os lados dentro das profundas órbitas e denotavam clara perplexidade diante de uma situação que, momentos antes, não lhe parecia minimamente possível. Sua visão foi ficando embaralhada, e aquele clarão ígneo se estendia inexorável, cobrindo todo seu campo de visão, tirando-lhe, pois, até mesmo a noção de espaço. Sentia-se perdido e acuado. O corpo já dava indícios de entrega; transpirava excessivamente e começava a sentir tonturas, acompanhadas de um princípio de náusea; os músculos, não muito resistentes por natureza, perdiam a pouca força que tinham, não conseguindo agüentar o ridículo peso de seu corpo. Raimi tombou de joelhos e levou as mãos à cabeça. Esta era sua única reação às contrariedades da vida, era o retrato clássico de sua impotência e de sua conformidade, de sua submissão a um mundo ao qual não sentia pertencer em absoluto.
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    “Então tudo vai terminar assim? No final, os vermes serão pisoteados para sempre? Quem se preocupará com eles? Ninguém... eles são só vermes.”
    Do lado de fora da fortaleza de chamas, a voz de Babel seguia firme, inabalável. Ele representava tudo que Raimi não era: confiante, forte e destemido. Os insultos não cessaram, conduzindo-o aos recônditos de sua alma e resgatando tristes reminiscências: o tom de voz do cavaleiro ao chamá-lo de idiota soava muito parecido com a aspereza de seu próprio pai a chamá-lo da mesma coisa aos berros quando, ainda criança, fora acometido por malária e, muito debilitado, derrubou um prato de comida no chão. Escapou de uma surra graças à intervenção do irmão, muito mais por pena, porque, sinceramente, amor ali não existia. Ajoelhado no quarto escuro com as mãos nas têmporas, escutava do lado de fora os gritos de “Você só me dá trabalho!” e “Se sua mãe estivesse viva, ela morreria de desgosto por ter parido uma criança que não serve para nada!”. Naquela noite, teve sua pior crise e por pouco não faleceu – o que talvez tivesse sido melhor para todos.

    Não se sabe até hoje por que diabos ele sobreviveu àquela doença, mas na época ele creditava tal milagre aos sonhos que tinha ocasionalmente com a mãe que nunca chegara a conhecer. Este detalhe foi omitido propositalmente, pois certas revelações, meus amigos, devem ser feitas no momento certo. A mãe de Raimi morreu ao dar à luz “uma criança feia”, como disse a parteira. Talvez esta tenha sido a origem do rancor que o pai nutria contra nosso querido amigo verme. Mas o certo é que, mesmo sem ter convivido com ela, ele via seu rosto em vastos campos oníricos, nos quais desfrutava de tardes ensolaradas debaixo da sombra de grandes árvores. Estas memórias permaneceram trancadas em seu interior por muitos anos, talvez pela maior parte de sua existência. Contudo, mesmo que delas ele não tivesse consciência, sentia alguma coisa rastejar dentro de si como a criança moribunda que se erguia novamente. Não entendia o porquê, porém repentinamente alguma coisa mudou dentro de si. Ele não poderia morrer ali, ele tinha alguma motivação muito porte para lutar junto às hordas de Hades, e mesmo que não soubesse o que era, era algo suficientemente forte para fazê-lo querer se levantar.
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    “As coisas não podem terminar assim. Não é desta forma que eu vou morrer. Eu... eu... tenho que trazer a cabeça de Athena custe o que custar!”
    Os tentáculos presos à sua indumentária se projetaram para todos os lados em arco e firmaram suas pontas monoculares no solo, fazendo uma espécie de casulo para protegê-lo da ferocidade do fogo. E então um grito mudo eclodiu em seu âmago, e ao som da voz que não falava os seus preciosos vermes se impulsionavam e, como se fossem inúmeras pernas, faziam o corpo esquálido do espectro saltar para fora da área de alcance da técnica de Babel. No ar, lançado às alturas, soltou a mesma gargalhada doentia e aguda de outrora, aquela gargalhada triste de quem se faz de palhaço para a vida parecer mais tolerável. Era um palhaço de cara engraçada, mas de olhos mortos.
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    - Hihihihhehehehahahahaha! Hihihihehehahahaha! HIHIHIHHEHEHAHAHAHAHA!


    Última edição por [AE] Leo|Aiolia em Seg Fev 22, 2010 9:59 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por -Mu de Áries- Seg Fev 22, 2010 4:02 pm



    Finalmente Raimi havia vencido a árdua missão de se livrar das chamas eternas do cosmo do centauro. Babel sentiu, no fundo de seu coração, brotar, tal qual uma rosa, um misto de grande dignidade e simpatia pelo valoroso oponente, que não se entregava em nenhuma hipótese, ainda que estivesse em sérios problemas. Mesmo os atos que ele julgava mesquinhos e baixos, como atacar pelas costas e sorrateiramente, eram esquecidos diante da força de vontade terrestre daquele verme. A verdade é que, se por um lado Babel possuía o devaneio do fogo, por outro, Raimi era uma espécie de entidade terrestre. A forma sorrateira como a que agia, a aparência triste, quase insondável, que guardava tantos mistérios que sequer se podiam imaginar – todos estes eram fatos estritamente terrestres, da natureza das intimidades do elemento; por outro lado, a vontade incessante em continuar sua batalha e cumprir sua missão eram os indícios inequívocos de um homem formidável, indestrutível, que novamente remetia a um sonho do elemento terrestre – a mesma força de um mineiro que, mesmo cansado, insiste em desbravar a montanha. Por isto, Raimi possuía, o que é extremamente raro, o duplo caráter da terra, formando uma espécie de paradoxo oscilante entre o “in” e o “out” – a força de vontade e os dramas da vida se mesclavam naquele ser da pedra, da grama, da terra. E ele ainda rastejava, tal qual um verme.

    É verdade que Babel não sabia nada disso; sequer supunha que tais análises poderiam existir. Mas de sua forma quase caipira e muito medieval, onde a honra e a determinação são tão valiosos quanto moedas de ouro, sentia um digno respeito por Raimi, naquele momento. Surpreendeu-se, deixando a boca aberta, quase em um misto de espanto e susto, quando, do interior da bola de fogo mitológica, a criatura “verminosa” emergiu em um vôo, como se possuísse asas. Aquele era o grande, o incrível espetáculo de Raimi, a criatura terrestre que tentava, verdadeiramente voar.
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    “Esse cara!”

    A verdade é que Raimi fazia o que todo ser terrestre sonha em fazer: voar. É o sonho eterno das lagartas, que buscam, através de seus casulos, criarem asas e “borboletarem” para sempre. Raimi, no auge do desespero da morte iminente, e na vontade indestrutível em cumprir sua missão, se entrega espiritualmente naquele combate, se tornando não um verme a ser pisoteado, ou uma minúscula criatura; ao contrário disso, era um oponente formidável e duro de ser batido, muito maior do que um simples vermezinho de jardim – era uma espécie de verme “super homem”, cuja vontade de aço poderia fazer até mesmo sucumbir a um Deus. Então Hades possuía seus valores? Babel apenas se indagou sobre a última questão, porque as outras ignorava. A verdade é que aquele homem designado verme, de corpo esquisito e tentáculos estranhos concedia a ele uma nova “mundividência”. Aquela atitude de Raimi não era em nada diferente das atitudes de Hyoga e Seiya – a única diferença era que estavam em lados contrários. Embora uns fossem cavaleiros e outros espectros, não havia o certo, porque enquanto as forças de Athena representavam a natureza luminosa dos seres da superfície, as hordas de Hades eram a fiel cópia das forças obscuras e dinâmicas do seio catatônico do mundo. As forças de Athena e Hades, ao fim e ao cabo, eram duas faces da mesma moeda.

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    “Como ele pôde voltar do inferno da morte nas minhas chamas com a própria vontade? Esse cara...”

    Babel deu um salto para trás. Deu aquele pulo desengonçado porque sabia que, naquele exato instante, não poderia atingir Raimi. Mesmo no alto, sem a prerrogativa da esquiva, o verme parecia envolto de uma camada de crença e força de vontade que petrificava o corpo teso de Babel só deste pensar em investir e acabar com tudo naquele instante. Babel, assim como no dia contra Hyoga, se sentiu impotente, como se um Deus estivesse às costas de Raimi, protegendo-o, guiando-o para a vitória. Por instantes, pensou ter visto a silhueta de Hades às costas do oponente, ficando exasperado com aquilo que lhe assomava à visão, tal qual uma lei irrevogável. Crer naquela possibilidade era complicado, porque, desde sempre, aquelas duas tropas foram fadadas a serem inimigas, pela linha tortuosa do destino.

    Finalmente Raimi tocou o solo. Babel continuava a observá-lo no meio daquela risada macabra com doses cavalares de insanidade. Sentia-se desconcertado com toda aquela cena, com aquela presença, mas não conseguia mais sentir o nojo e o repúdio de antes. Atrás do local onde Raimi havia pousado, a Fotia Roufihtra acabava de se desfazer, apagando o céu. Raimi parecia resfolegante, cansado. Então Babel sorriu, olhando para o oponente com severa atenção... não havia miais ódio em seu coração.
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    - E então, verme? Que tal morrer com um pouco de dignidade?





    [Off:] Narrei o Raimi pousando para tu não ser obrigado a ficar na lenga lenga de narrar ele pousando. Hahahah. Considere isso como um ato de amizade de minha parte. De quebra te dei trinta opções interpretativas. Divirta-se.



    Última edição por [AE] Aries|Mu em Seg Fev 22, 2010 10:04 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Convidad Seg Fev 22, 2010 9:59 pm

    Raimi pousou com as pernas firmes como se estivesse se enraizando no solo. Por algum motivo, sempre gostara de andar de pés descalços sobre a terra úmida, e mesmo que fosse obrigado a isto - pois não tinha condições financeiras para comprar sapatos -, ele sentia que era realmente melhor desta maneira, que isso, de certa forma, era o certo por ser natural. Uma vez fincado no chão, tal qual uma árvore que não consegue mais crescer e atingir os céus, mas segue se enveredando pelo infinito abaixo, Raimi se sentiu revigorado pelo contato com as energias telúricas que, do seio das profundezas, reverberavam sobre a superfície como uma força latente que deseja se ver livre. Era como a seiva bruta que lhe subia pelas pernas e tornava-se seiva elaborada, metamorfoseando a pétrea determinação em cosmo-energia. Os tentáculos se agitavam acima de sua cabeça assim como os galhos e folhas das árvores a balançar com o vento, sempre tentando se esticar para alcançar o firmamento. Com efeito, era bastante curiosa a forma como sua dualidade existencial se manifestava sempre de forma desordenada.

    O corpo ainda sentia os terríveis efeitos da tortura do fogo, mas através dos olhos caídos ele se mostrava focado como nunca. Apesar das chamas da Fotia Roufihtra conterem mais o caráter de fogo consumidor, da morte através do fogo, Raimi encontrara naquele calor a característica do fogo que purifica, do fogo do renascimento, do fogo como ideal tremeluzindo. Foi ali, em meio ao infortúnio, que ele conseguiu encontrar alguma motivação para não entregar sua vida, algo que acreditou piamente ser de pouco valor. Mas aquele momento ainda não havia culminado na derradeira epifania, e por isso Raimi sentia um entusiasmo confuso. Tentou então respirar fundo para acalmar o coração, que batia freneticamente como se fosse sair do peito. Aos poucos, a sudorese ia cessando e a brisa da noite ia secando seu corpo, tirando o brilho gosmento de sua pele para revelá-la ressecada e rubra.
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    - Você fala demais! Estou cansado dessa sua postura de bonzão, estou cansado desse seu queixo protuberante e desse seu peito estufado. Você ficava muito melhor quietinho, mas eu quero ver como são os seus gritos.
    Aos poucos, o corpo de Raimi começava a ser contornado por uma luz fria. Uma aura púrpura, pesada e angustiante, vibrava inicialmente de forma tímida como o verme que se rasteja até começar a cintilar com mais intensidade, bruxuleando como se evaporasse da superfície de sua súrplice. Era a borboleta rompendo o casulo! Esta foi a primeira vez desde o começo do combate que o espectro entrava em contato com as forças ocultas de seu ser, com a essência funesta do cosmos, e o externava. Embora para ele a energia vital não tivesse um sentido tão profundo quanto possuía para os cavaleiros de Athena, embora não divagasse sobre o Universo interior ou acerca da infinitude de sua expansão, embora não conhecesse os valores de superação e de poder da alma que eram ensinados no santuário grego, Raimi experimentava uma sensação que extrapolava a simples obtenção de força extracorporal. Vagarosamente, algumas imagens embaralhadas em sua memória começavam a se tornar mais claras, passando de borrões em movimento a silhuetas fixas. Uma voz doce embalou seus pensamentos, afundando-o em um mar de nostalgia.
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    Rapidamente, suas vermiformes extensões voaram com sede de sangue, saindo de um ponto inicial e se espalhando para cobrir uma maior área, tentando dificultar uma possível esquiva por parte de Babel naquela saraivada inclemente de ataques. Seus inúmeros olhos se fixaram na imagem do oponente enquanto as se garras abriam, relevando um fulgor metálico e ferino.


    Eu deixei em aberto de propósito pra não ficar maçante, saca? Além do mais, iria tirar o impacto do ressurgimento dele. De qualquer jeito, isso é que é ter timing. Sabia que tu faria algo maneiro a partir disso. <3


    Última edição por [AE] Leo|Aiolia em Seg Fev 22, 2010 11:18 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por -Mu de Áries- Seg Fev 22, 2010 10:04 pm



    Os inúmeros tentáculos partiam da súrplice do verme em direção ao corpo de Babel. Aquela cena mais parecia a de um polvo gigante faminto tentando emboscar a presa. Aquele homem, Raimi, definitivamente era um bom combatente. Possuía velocidade, como era provado naquela investida. Por outro lado, Babel não ficava para trás naquele quesito, conseguindo acompanhar o trajeto da maioria dos tentáculos, que pareciam fazer o ar vibrar à sua passagem.

    Talvez aquela pudesse ser o ato derradeiro daquela peça. Muito provavelmente seria. Talvez para um; talvez para ambos. O ímpeto de ataque executado por Raimi fazia Babel presumir que o espectro havia abdicado da defesa em prol da luta franca. Faria o mesmo. “Que tal morrer com um pouco de honra?”. Aquela era uma frase digna de um valente guerreiro provençal; um cavaleiro criado aos moldes antigos, com características brutas e medievais, como as de um bom soldado. Neste momento, no interior de seu espírito – um lago lúgubre e negro – uma centelha pareceu cortar a escuridão. E então as chamas do centauro novamente começaram a nascer, explodindo dentro dele com a fúria invencível de um vulcão; sempre ele. Vulcão.
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    - Vamos acabar de uma vez por todas com isto, espectro...



    Seu corpo se iluminou como se iluminam as entidades que concederam a ele e aos demais cavaleiros sua alcunha – santos. Uma camada um pouco acinzentada, quase prateada, lhe envolveu o corpo, como uma espécie de campo solar sem saturação de cor. Aquela havia sido a primeira vez que seu cosmo alcançava seu ápice em toda sua vida. Agora talvez ele sentisse o mesmo que sentiam os outros cavaleiros que puseram suas vidas em risco em prol da humanidade. Era uma sensação de orgulho reconfortante, de uma honra sem manchas. Aquele era o grande momento para o qual vivera e dedicara sua vida como cavaleiro. Não havia hesitação, nem medo, nem dúvidas. Sabia o que tinha de fazer – a única coisa que podia fazer.

    Das lápides ao seu redor, as almas dos demais cavaleiros pareciam lhe reconfortar. Todos seus bons companheiros estavam ali, enterrados sob o solo seco do santuário. Não havia lugar melhor para chegar ao limite; não havia lugar melhor para fazer valer a alcunha de cavaleiro de prata. Eles, que após a batalha das doze casas haviam sido ridicularizados, não estavam extintos, como muitos gostavam de pensar. Ainda possuíam seu papel fundamental – a segunda hierarquia dos santos de Athena. Eles não eram os fracassados que todos julgavam ser. Não era. Suas derrotas haviam sido ridicularizadas e seus nomes se tornado obsoletos sob a penumbra do esquecimento. Mas suas chamas, as chamas invencíveis de Babel, consumiriam aquela escuridão e trariam à tona, de volta, o orgulho dos cavaleiros de Prata. Aquela era sua última missão em vida.
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    “Mouses, Capella, Algheti, Dante, Misty, Astelion, Dios, Sírius, e todos os outros... suas mortes não foram em vão. Eu sei que suas almas não descansaram em paz desde a triste e humilhante derrota para os cavaleiros de bronze. Espero que eu devolva finalmente a paz a seus corações, meus valorosos companheiros... queimem seus cosmos junto ao meu. Talvez Athena tenha nos abandonado... mas enquanto estivermos juntos... poderemos vencer até mesmo um Deus...”

    O olhar marejado do bruto homem não deixava escapar a tristeza e a decepção com tudo o que ocorrera desde o incidente no qual foram manipulados por Saga. A verdade é que Athena, a deusa pela qual lutavam, jamais havia saído em sua ajuda. Se ela bem quisesse, talvez pudesse ter interferido em muitas daquelas batalhas, e talvez não existissem tantas mortes. A verdade é, que embora todos lutassem por ela, sua imponente e divina cosmo-energia jamais havia lhes guiado como guiara Seiya, Shiryu e os demais cavaleiros de prata e bronze. Embora todos eles tivessem morrido por ela, jamais eram lembrados como bons e valiosos guerreiros. Então, se não podiam contar com a deusa ao qual serviam, ao menos contariam com eles mesmos. No entanto, Babel não sentia raiva ou mágoa, senão uma triste melancolia de nunca ter recebido o apoio que necessitava. Contudo, a existência daqueles homens de armadura igual à sua lhe indicavam que jamais estivera sozinho sobre o mundo...
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    - Espectro! Eu não sei pelo que você realmente luta! Mas enquanto eu precisar proteger o nome dos cavaleiros de prata... minhas chamas serão invencíveis!


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    O turbilhão de fogo eclodiu de seus braços como uma serpente gigante rubra. Era algo incomensurável, se comparado às técnicas anteriores. Aquele era o auge de seu cosmos. Talvez fosse inútil, verdadeiramente, mas era tudo o que podia. O golpe fora lançado no exato instante em que um dos tentáculos acertou seu peito. E então, enquanto o turbilhão de fogo abria passagem com sua força devoradora, sentiu mais alguns tentáculos lhe atingirem no queixo, ombro, pernas e abdômen. Talvez não houvesse mais outra oportunidade para Babel, o centauro. Seu corpo era lançado ao ar, mas a Fotia Roufihtra já havia sido conjurada com a força colossal de um cavaleiro de prata. E ela iluminou o túmulo daqueles guerreiros esquecidos, e então o brilho destrutivo do fogo guiou finalmente suas almas para a imortalidade.


    Última edição por [AE] Aries|Mu em Ter Fev 23, 2010 1:24 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Convidad Seg Fev 22, 2010 11:21 pm

    Finalmente havia chegado o momento da verdade. A investida firme e decidida dos tentáculos era a prova cabal da vontade que Raimi tinha de provar constantemente para si mesmo que era mais do que um coitado. Aquele gesto destemido e imprudente reiterava seus desejos insaciados por uma afirmação que nunca vinha. Desta vez, sorriu com prazer; seus olhos ávidos estampavam a satisfação no rosto sempre contorcido e de expressões cômicas. Quem sabe havia chegado o instante de descobrir deleite em bater os fortes, porque ele... ah, ele sim era um dos fortes! Contra tudo e contra todos durante toda sua miserável vida, Raimi venceu. Sempre se impôs às tragédias da vida com uma vontade reta e inabalável: custe o que custar, precisava continuar respirando, pois os mortos não sonham, e o que ele mais ansiava durante os intermináveis dias era pela chegada da noite para então poder dormir e, se tivesse sorte – pois ele sabia que nem mesmo Deus intercederia por ele -, encontrar com ela, sua preciosa genitora. Sua cosmo-energia se elevou ao ápice da existência, pois havia descoberto por conta própria que quanto mais colocasse seu coração ali, mais perto os sonhos estariam de sua plena realização. Talvez Raimi tivesse sido um excelente cavaleiro se as maldosas mãos do Destino tivessem desenhado sua fortuna de outra forma, em outra situação.
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    - Sim, vamos acabar com isto de uma vez por todas, cavaleiro de Athena. – disse com uma voz firme e séria, tão diferente dos ganidos altissonantes que costumeiramente saíam de sua garganta.
    Os anelídeos metálicos agora fechavam suas presas, com suas extremidades convergindo de forma a lembrar o desenho de uma pontiaguda pirâmide – estavam prontos para a perfuração final. Adentravam, pois, uma zona de fulgor argênteo, no centro da qual estava postado o corpo ereto daquele esplêndido guerreiro. Era visível em sua fisionomia que ele não temia aquele momento, não temia a morte; ele era um dos honrados que seriam glorificados postumamente, que receberiam coroas em seu cortejo fúnebre, que receberiam as medalhas e os louvores – e com toda a justiça! Em suas mãos, a chama que arde incessantemente na alma dos bravos tomava a forma de uma esfera em crescimento. Ele também estava no auge! Quando Raimi sentiu o impacto do primeiro tentáculo acertando o peitoral da armadura de prata, ele soube que não havia mais volta. Os demais ataques seguiam atingindo o musculoso corpo daquele santo, e ao traspassá-lo tornavam impossível qualquer movimento de evasão: ambos estavam agora ligados através daquelas serpentes invertebradas. Mas isso não importava mais: ainda que seu corpo fosse consumido no fogo, ele não encontraria nele a sua destruição. No calvário, encontraria a purgação e, quem sabe, a esperança de renascimento através das cinzas. Raimi sorriu contente com o seu destino, aceitando a morte como desfecho de sua triste história.

    Enfim, um sentimento incompreendido foi finalmente decifrado. O capítulo final seria fechado com chave de ouro, enaltecendo a sua redenção. Lágrimas de enternecimento escorriam pelos sulcos de seu rostinho feio. Não era por Hades que Raimi erguia sua carcaça moribunda, não era pelos caprichos de um deus mesquinho. Era por causa de algo muito mais precioso, pela única coisa que fazia com que ele se sentisse amado em um mundo que claramente não era para ele.
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    “Mamãe, me desculpa... Não vou conseguir levar a cabeça de Athena para Hades, então... acho que não vou poder reencontrá-la nunca mais. Mas mesmo que eu padeça no limbo... eu continuarei ouvindo a sua voz no meu coração com todas as músicas que você nunca pôde cantar! Acho que tinha que ser assim, mamãe. Agora, pela primeira vez, eu tenho certeza de que posso merecer o seu amor, o amor àquela criança feia que você nunca pôde segurar.”
    Preciso confessar que eu menti para vocês, meus amigos, quando disse que Raimi não tinha talento para nada. E agora chegou a hora certa de falar sobre aquela sua imaginação extraordinária, que por vezes conferia-lhe o aspecto de um autista nas noites escuras dentro do quarto vazio. Para fugir da dor da realidade, a criança-verme se enclausurava em uma redoma de fantasia e passava as madrugadas em claro – lembram-se de quando eu mencionei suas “escuras olheiras de imemoriáveis noites sem sono tranqüilo”? – cantarolando e escrevendo músicas feitas especialmente para aquela voz que o guiava nas raríssimas noites de mansidão onírica. Raimi, acima de tudo, desejava levar a cabeça da deusa Athena para seu senhor, Hades, confiando na promessa de revê-la, pois sua alma estava em um local fora de seu alcance. Sua querida mãe descansava nos Campos Elíseos enquanto ele... bem, ele era um assassino!

    Um dia, seu pai chegou em casa embriagado. Os motivos são irrelevantes, já que isso acontecia com tanta freqüência que às vezes nem era necessário um motivo. Raimi estava rabiscando em uma folha de papel - uma folha aparentemente simples, uma folha qualquer. Se não me engano, ela estava em cima da mesinha de madeira que servia de móvel principal no centro do casebre caindo aos pedaços. Contudo, no verso daquela folha comum havia algo escrito, e – pasme! – aquelas palavras desenhadas com uma letra torta, possivelmente rabiscadas com pressa, eram uma carta de seu irmão que havia saído de casa havia alguns meses por causa de seus compromissos políticos. A tinta da caneta de Raimi manchara a outra face do papel, tornando impossível sua leitura. Neste dia, seu pai queimou todos os cadernos que Raimi mantinha escondidos no fundo do armário de madeira mofada, além de tê-lo surrado impiedosamente. Este foi o dia em que Raimi resolveu sumir.

    Raimi esperou seu pai dormir e – acreditem – ele ateou fogo em sua própria casa durante a madrugada. Ele deixou para trás todas as coisas e, com a roupa do corpo e algum dinheiro no bolso, saiu por aí. O resto vocês conhecem: mendigou até encontrar aquele velhinho que precisava basicamente de um escravo, um verme sem auto-estima para tratar como um capacho.

    Mas voltemos ao presente. No presente se desenrolava uma cena de justiça poética, podemos dizer assim. Era em meio ao fogo que morria, assim como seu velho pai. E embora intimamente ele sempre detivera a plena certeza de que ele deveria morrer, que ele merecia morrer, agora seu coração rochoso se partiu e se desmanchou tornando-se poeira. Ele era o seu próprio pai, um ser cruel e desumano; ele pisou em cima dos sentimentos de muitas pessoas, ele matou os sonhos das crianças, ele despejou no mundo toda a dor que dele recebera... e acabou por se tornar igual a seu bêbado e obtuso pai. Talvez fosse por isso, por finalmente ter ciência dos sentimentos conflitantes em seu âmago, que ele aceitou a sua morte como o certo por ser natural. Era o fim do ciclo.
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    - Enquanto você luta para proteger o nome dos cavaleiros de prata, eu acreditava lutar por todos os vermes que foram pisoteados, por todos os mendigos nos quais as pessoas cuspiram, por todas as prostitutas que foram humilhadas. Eu acreditava que somente na morte as pessoas seriam iguais, e que os malditos seriam santificados sobre a terra. Eu acreditava que somente nas trevas todos teriam a mesma cor, e somente na escuridão haveria irmãos. Mas eu tive esse sonho por outro motivo, e é por esse motivo que eu lhe agradeço, cavaleiro. Eu lhe agradeço por me fazer ver tudo isso, e por fazer eu me sentir mais do que um palhaço inútil. Um dia, quem sabe, eu volte como um bravo assim como você. Um dia...
    Agonizou calado no meio das chamas enquanto sentia a dor intraduzível remover seus últimos momentos de consciência e lucidez. Estava no limite, e o frágil corpo do espectro não resistiria à potência de outra Fotia Roufihtra, de um ataque lançado com todo o espírito de um valente. Dizem que Raimi morreu sorrindo, e que pela primeira vez a sua feiúra foi capaz de comover alguém. Mas isso eu já não sei, eu não estava lá.
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    - ...


    Fecha com chave de ouro, Preto! <3
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    Babel Vs Raimi Empty Re: Babel Vs Raimi

    Mensagem por -Mu de Áries- Qua Fev 24, 2010 2:19 pm



    “Paraíso não existe...” Babel traçava seu vôo em parábola. Os tentáculos do verme haviam se chocado cegamente contra seu corpo, fazendo com que sua armadura praticamente se desintegrasse sob a força destrutiva da mortal técnica do verme. Seus olhos, perdidos no céu sem lua, cintilavam. Por fim, seu corpo bruto e rijo colidiu brutalmente contra o chão de terra batida do cemitério dos cavaleiros. O forte tranco fez com que cuspisse sangue. Era inevitavelmente o fim de tudo, infelizmente, para Babel. Deitado, de braços abertos, apenas esperava a morte iminente. Não havia mais nada a ser feito.
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    “Um bom lugar para morrer...afinal.”

    Ao seu redor, as lápides dos santos mortos em combate. Foi neste instante, porém, que a voz esganiçada e quase sem vida de Raimi começou a arranhar seus ouvidos. Era uma voz sôfrega, cansada, como um último e derradeiro suspiro. Babel fechou os olhos, enquanto ouvia com atenção as últimas tristes e sinceras palavras do Verme. E então entendeu, finalmente, que havia cumprido sua missão, e acima de tudo compreendeu os motivos de seu oponente. Era um bom motivo, pensou ele. E de fato era. A luta de Raimi era um combate marginal contra as próprias forças motrizes do mundo. Raimi era a força que agia sob o olhar otimista da dialética de um mundo cruel. De sua forma, de seu jeito, talvez estranho, ele pretendia criar uma nova possibilidade aos vermes do mundo.

    Raimi não pareceu, naquele instante, tão diferente dos outros cavaleiros com os quais Babel havia convivido. Por que um inimigo possuía tamanhos ideais? Babel talvez morresse com aquela dúvida. Talvez não. E foi movido por esta angústia que tomou um último suspiro e ergueu o corpo forte, se pondo de pé e se apoiando nas lápides. A uns dez metros dali, o corpo de Raimi, morto, jazia chamuscado, com os últimos traços e vestígios das chamas do centauro. Com um esforço que mais parecia um calvário, o cavaleiro de prata se aproximou dali. Raimi estava contorcido sobre o chão. Morto tal qual um verme.
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    “Por fim sua causa foi nobre, espectro... mesmo estando do outro lado, você não possuía ideais tão distintos dos nossos...”

    A idéia de que aquele cadáver ficaria ali insepulto era algo que o incomodava. Os corpos de guerreiros dignos jamais deveriam permanecer mortos sobre a terra. Mas a verdade é que, talvez, o grande desejo daquele homem tosco e deteriorado largado ao chão fosse ser consumido pelos vermes da terra. Talvez, a sepultura para aquele homem seria o verdadeiro ultraje. Babel, com dificuldades, sentou-se sobre uma lápide ao lado do corpo teso de Raimi. Do espectro, o calor de sua técnica ainda era exalado.

    Babel tossiu. A dor foi impiedosa e ele sentiu o sangue novamente lhe fugir da boca, enquanto o ar começava, paulatinamente, a lhe faltar. Os pulmões estavam comprometidos. Deu um sorriso sem brilho para qualquer fantasma transeunte, enquanto sentia a mão gelada da morte lhe tocar o ombro. Era o momento de se despedir da vida.

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    “Espero que, o dia em que renascer, seja um homem mais feliz, espectro. E que os vermes não sejam mais considerados a categoria inferior do mundo. Quando Athena vencer esta guerra, este mundo certamente mudará. Certamente os vermes terão seu espaço. Os mendigos, as meretrizes e todos os que você buscou defender... todos eles serão lembrados. Eu tenho certeza de que serão...”

    Era o tempo da partida. E então, com os olhos tristes e pálidos de quem vislumbra o caminho sem volta, ele abandonou a mente ao passado pela última vez. Viu a triste batalha que havia consumido seus pais, no fim da década de oitenta. Viu as plantações dizimadas, as famílias famintas, sem esperança, e a bandeira estrelada que irrompia no céu, conduzida pelos caças impiedosos que fuzilavam crianças e dizimavam inocentes. A triste e formidável guerra do Golfo, à qual ele sobrevivera em sua adolescência, estava novamente diante de seus olhos. Então olhou nos olhos da morte e sorriu, por tê-la driblado naquela ocasião. As chamas de seu coração levemente começaram a se apagar. Não havia mais lembranças às quais recorrer para se sentir vivo. Então fechou os olhos, aceitando o inevitável. A Morte lhe tocou a fronte e ele não se despediu da vida. Entrou no desconhecido sem hesitar. Era o tempo de novas aventuras, novos duelos e combates com seus antigos companheiros. E agora estariam juntos. Para sempre.




    FIM <3

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