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Saint Seiya forum


    Primeira rodada - Grupo 4: Atlas de Karina (Lorenzo) X Alberich de Megrez (Karasu)

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    Mensagem por Convidad Sex Out 08, 2010 10:26 pm

    Bem, conhecem as regras. O prazo de todas as lutas é de vinte dias e não podem ser prorrogados. Após 4 dias sem postagem, W.O. Para uma ser levada a julgamento deve conter no mínimo 3 posts de cada participante. Boa sorte.
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    Mensagem por Convidad Seg Out 11, 2010 11:36 pm

    ▬ Arkaim, Chelyabinsk. Rússia.

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    Presente


    - E então, Atlas de Carina...?

    As brumas de Arkaim arrastavam mãos muito brancas sobre folhas negras. Um orvalho de escuridão brotava nas rochas. A voz vinha de trás daquela cortina vacilante, sem cabeça ou corpo ou braços. Aos poucos, as formas de Arkaim, o santuário misterioso localizado em Chelyabinsk, solidificavam-se: pilhas altas e largas de pedras erguiam círculos concêntricos e se elevavam contra aquele céu carbônico, repleto de nuvens espessas de chumbo.

    A luz de pequenos archotes iluminava, finalmente, o dono daquela voz jovem e repleta de segurança. Estava com o corpo semi-oculto, atrás de uma magra pilha de pedras. Era o tímido anjo de asas de ametista, caminhando em direção ao foco daquelas luzes vagas e douradas. Como era de se esperar, seu robe divino o armava naquela noite com a égide de seu Deus, num ato de revelação da estrela Delta, que era a única luz cintilante naquele firmamento sem lua.

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    - O que deseja ainda de Alberich, o Guerreiro Deus de Megrez?

    .

    .

    .


    Moscou, Praça Vermelha.

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    Alguns dias atrás....

     
    Olhava sem aparente interesse p'raquela folha amassada de papel. Estava escrito em um grego jônico, num alfabeto bastante curvo e numa tinta espessa o suficiente para marcar o verso. As palavras quase perpassavam sua fina boca enquanto as lia rapidamente. Em seguida, seus dedos enluvados comprimiram aquelas letras escuras, deixando que a pequena bolinha de papel se perdesse em uma lata de lixo.

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    "Imbecil..."

    Olhava para cima, praquele céu soviético e branco como o rosto de uma bonequinha moscovita. Os ventos grisalhos lambiam o vermelho sólido de seus cabelos; tinha uma expressão grave no rosto, ainda que não sentisse o peso de temor algum.

    Distinguia formas naquelas nuvens, mas não distinguia a fonte daquela luz, que dormia um torpor argênteo no leito daquele espesso rio. A imagem de Alberich, perdido na imensidão vazia da Praça Vermelha, podia ser percebida, de longe, como um pequeno ponto negro. Os ventos ganhavam força. Levavam, em sua cauda fria, dezenas de cartazes rasgados, dezenas de palavras vermelhas e rostos severos ou assustados, dezenas de promessas de revolução, de mulheres em preto-e-branco, de ameaças e de advertências sobre o que quer que seja o "corrosivo imperialismo ocidental". As pessoas ao longe, naquela hora, buscavam abrigo daqueles ventos, mensageiros sem asas do medo.

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    "Em cada rosto, em cada panfleto, em cada noticiário, em cada manifesto... Eu vejo o quanto este mundo adoeceu. Este mundo, este vale de apodrecimento, este grande funeral da razão, este enterro massivo dos deuses dos homens..."

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    "Que momento pode ser mais deliciosamente propício que este? Em todo o mundo esses anjos sem asas... Espalham uma terrível mensagem..."

    Sua mão agarra um pedaço de cartaz. Nele, o par medroso e irado de olhos queria gritar alguma coisa, com a força daqueles pulmões gráficos e negritados.

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    "O Ragnarok se aproxima..."

    Um pequeno sorriso deformava seus jovens lábios que os cabelos ao vento insistiam em esconder.O sobretudo de linho esvoçava como as grandes e trêmulas asas de um morcego. Porém, os ventos subitamente começaram a abrandar. Seu rosto foi baixando, abandonando aquela altitude celestial e voltando à terra dos homens. Sentia, de longe, que algo estava diferente. O Kremlin, além da maciça névoa industrial, era uma visão ascendente de suas longas torres. Lembrara-se, por um instante, de que precisaria ser forte como seus antepassados, rígido e insensível como a imagem daquela grande fortaleza embaçada pela neve. De alguma forma parecia que aquele momento, e não qualquer outro, era o da sua tomada de consciência. Consciência de que aquele mundo estava se despedaçando. Consciência de que seu sangue clamara por aquele instante sem deus, por aqueles ventos indecisos. Consciência de que sua saga, finalmente...

    ...Tivera início.

    E ele prometia a si mesmo, do fundo de seu coração, enquanto as grandes torres do Kremlin, como espadas em riste, se desnudavam naquele outono da humanidade...:

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    "Não me interessa em cima de quem eu tenha que pisar. Eu serei o senhor deste mundo, nem que eu sente em um trono de ossos e miséria. Este mundo..."

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    "...Será meu a qualquer custo! Nem que o deus do amor sangre por estas mãos, assim como o meu próprio......."

    .

    .

    .

    E, naquele seu clímax, naquele clímax em que seu coração passara a palpitar como uma maquininha desgovernada, mal tinha notado que a palavra "pai" quase escapava de sua boca e da aposento fechado de seus pensamentos. Respirava um tanto mais acelerado; sua mão, olhava-a agora com certa curiosidade, pouco a pouco afrouxava aquele aperto forte, aquele aperto sufocante de seus dedos. Sua mão, inovoluntariamente, fora ao bolso daquele grande casaco como se escapasse para uma zona de segurança, e agora limitava-se a sentir, como num cacoete, a textura fria e lisa de seu relógio de bolso, que pertencera ao último Alberich depois que este viera ao mundo.

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    "Pai... Terrível é a sina de um Alberich que nasce neste mundo decadente. Ele precisa ser forte, ele precisa ter a mente mais fria que o sangue. Ele precisa aprender tudo com o seu criador, ele precisa tornar-se forte como seu mestre, precisa ser implacável... "


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    "E, finalmente, precisa superá-lo e matá-lo; não importa com que meio, vil ou honrado, se como um rato ou como um homem, se pela frente, olhando em seus olhos, ou pelas costas, se durante o dia ou durante a noite, apunhalando o seu velado sono, durante uma exaustosa vigília!, um verdadeiro Alberich... Um verdadeiro Alberich precisa compreender que o Poder pertence àqueles que não têm medo de usá-lo..."


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    "Por isso todos os Alberich, anteriores a mim, morreram jovens. Muito jovens... "


    .

    .

    .

    "Jovens e visionários....."



    "Jovens e nada inocentes..."




    OFF: Então, quando tu ler o turno, Atlas, vai achar que tem MUITA coisa aberta e não explicada, mas aqui vai. Seguinte: eu abri o turno de introdução com uma cena que ainda não jogamos, mas que vamos jogar caso postemos até este momento.

    Então, o que vem depois dessa curtíssima cena, na ordem do turno, é o que desenrolou antes para que os personagens chegassem nesse momento, em Arkaim.

    O cenário utilizado é um cenário real, como combinamos. É a Praça Vermelha, em Moscou. Pesquisa um pouco sobre ela caso queira, para saber bem como é o ambiente e tal. Próximo da Praça Vermelha está o Kremlin, um símbolo da monarquia russa (acredito) e a sede do governo (algo assim). É o Kremlin que Alberich observa no final do turno.

    Apenas descrevi Alberich no local. O que o levou a se contactar com Abel, o que foi dito a Abel, que palavras estavam na carta, isso tudo será definido ao longo do jogo.

    Outra coisa importante a ser combinada: Alberich não se revelou como um guerreiro deus ainda. Ele é, segundo o que ele mesmo disse, apenas um político de Asgard, um diplomata, alguma coisa nesse sentido.

    SS meramente ilustrativas. Nada de considerá-lo com armadura e tal.
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    Mensagem por Convidad Qua Out 13, 2010 12:22 am

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    - E então, Atlas de Karina?


    Desta vez, a menção de seu título de cavaleiro vinha acompanhada de uma responsabilidade, até então, nunca experimentada. Não era costume de Abel referir-se ao seu braço direito daquela forma. Daí o fardo que se fez sobre os ombros do Karina. Engoliu a seco e os lábios ensaiaram um discurso; hesitou, porém e um nó fez-se na garganta.

    Ostentava na sinistra um singelo pedido, requisitando a presença do deus-sol ou de um representante em nome da Coroa do Sol nas mortiças terras do norte europeu – Asgard.

    A voz de um acorde gritou só por aquelas terras há muito esquecidas, maculando o puro silêncio do Karina. Num estalo, buscou palavras, quaisquer que fossem e atabalhoado, balbuciou:


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    - Meu senhor, Abel... Eu... Faz tanto tempo que... Não recebemos notícias do mundo. E num repente sua presença é requerida em outro continente.

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    Os imaculados dedos da divindade acariciavam a sua amada (instrumento lira); acarinhando-a de forma que a melodia era tenra. Sua voz era doce e aveludada e por um momento, arrancou um sorriso esperançoso da face marota daquele que se deleitava com o espetáculo.

    - Há muito não via teu sorriso, Atlas. Há muito não via esperança estampada em tua face.


    - Carta de Abel -

    “Mando em nome da Coroa do Sol, meu representante, Atlas de Karina, a este gélido continente. Ele fará as vezes por mim, portanto, o que deveria ser dito a mim, deverá ser dito a ele."

    As palavras não eram muito amistosas; não quando o emissário daquela carta mandada a Abel se tinha como um anônimo. Não se confiaria plenamente em um homem que nem mesmo o nome revela.



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    MOSCOW - Praça Vermelha

    O frígido suspiro lhe fustigava o rosáceo do rosto. No entanto, a chama crepitava no seu íntimo, não se deixando abalar por aquele sopro que teimava, agora, em bufar.

    “Engraçado como o vento mudou a partir do momento em que pus os pés em plena Praça Vermelha. Engraçado... Pois minha esperança de ver Abel e os Coroas do Sol reinarem sobre essa Terra, oscila, assim como a variação. Não posso me deixar levar por essa aparente luz no final do túnel, não.”

    Atlas elevou ambas as mãos no ar. Na sinistra, simbolicamente, pesou a esperança e na oposta, as demais malícias do mundo, dentre elas a desconfiança. É claro que aquela balança representava mais suas emoções do que a realidade que o cercava. O coração, embora não cego, vislumbrava a chance do renascimento - o singelo borralho da esperança. Do outro lado, a razão, aguçada, regeu a cautela como o carro-chefe. Inspirou o ar com força; sentiu as vias aéreas congelarem - um leve desconforto-, contudo nada que o fizesse tremer de frio e martirizar-se pela situação imposta pelo implacável clima.

    As mãos tombaram no ar e logo os braços dispuseram-se, novamente, à lateral do corpo. Retomou o rumo para o centro daquela imensa praça. A cada passo dado, desbravava um novo mundo. Sim. Para ele, um exilado, aquilo tudo era desconhecido.

    Sob seus pés, o firmamento pulsava. A “Bonita” Praça tinha vida própria. Dela, nasciam ruas, vias e vielas que se bifurcavam, trifurcavam e formavam o labirinto urbano ao redor. O coração da Rússia abrigava, provavelmente, o patrimônio público de mais valia – a cultura. Sim. O protegido de Abel comparou-a (a praça) com a acrópole grega. Não em termos físicos e geográficos, mas com relação ao tesouro de cada uma das distintas nações.

    Os olhos fitaram o monumento mais alto do Kremlin – O Companário de Ivan. Era robusto, imponente e sua verticalidade denunciava uma única coisa: poder. Um novo poder.

    Aproximou-se da titânica estrutura e as pias mãos apalparam a parede; pôde sentir o tempo escorrer por entre os dedos. Era um tempo jovem, muito jovem. Diferentemente do velho e debilitado tempo grego que espremia a já, por assim dizer, “póstuma” existência de Abel e seus filhos. Afinal, viver no exílio, para o Karina, era o mesmo que ter o nome riscado da história; era arrastar-se em vida, já esquecido. Simplesmente: a morte.

    “Talvez seja preferível viver um tempo novo, mesmo que desconhecido, do que permanecer na penumbra e viver um mito.” – buscava motivos para sustentar a sua ida àquela esquecida nação. Curioso dizer que Asgard vivia imersa no breu, assim como Abel e os Coroas do Sol. “Coincidência? Talvez... Mas prefiro depositar minha fé em uma segunda chance para nós e meu senhor Abel.”

    Logo vieram os flocos; lágrimas congeladas no tempo. Atlas nunca havia visto a neve antes e ficou tomado pela serena dança daqueles que pareciam estrelas opacas, sem brilho, sem vida. Afastou as mãos do interminável paredão e juntando-as em formato de concha, acolheu alguns pequeninos flocos. As mãos, tomadas por um efêmero calor, transformaram a água suja, turva, congelada, em uma límpida e vívida esperança.

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    - Talvez haja esperança para nós e para esse povo...

    Jogou a água na face e deixou o devaneio de lado. Inflou os pulmões, soltando o ar em seguida e retomou o caminho. Num repente, parou, julgando ser o centro do coração da Rússia. Não fora uma parada ocasionada por espanto, surpresa ou algo que lhe tivesse tirado a atenção; uma parada, todavia, combinada – segunda as palavras ditas na carta do anônimo; esse desejava encontrar-se em pleno centro de Krasnaya ploshchad. E lá estava ele, o emissário. Não era difícil de saber. Ambos destoavam naquele cenário incomum. Apressadas, as pessoas andavam de um lado ao outro, espectros de uma realidade que estaria por vir; espectros famintos, tolos e inócuos. Se aquele homem, diante o cavaleiro de Karina, tivesse o discurso honrado, então Abel daria um fim a esse poço de desgraças e aos fantasmas que assolam essa chamada Terra e daria a luz à uma nova história.


    - Deve ter recebido a carta que meu senhor Abel lhe enviara. Sou Atlas de Karina, fiel servo do deus sol.


    As chamas crepitavam nos olhos; o discurso era robusto, forte. Buscou nos olhos daquele homem um nome. Deu uma breve pausa e o indagou:


    - Como chamas?


    -----------
    OFF: Bom, a princípio, os eventos podem parecer um pouco jogados, ou nem tanto detalhados, mas faz parte da narrativa. Apropósito, turno ruim o meu, faz tempo que não escrevo, peço desculpas aí Edu. Mas espero aos poucos melhorar.

    Fiz a carta simples, não quis me pronunciar muito, mesmo p/q também não mencionei (e nem devia) o que Alberich havia enviado a Abel, optei pelo mais simples: encontra-se com ele.

    Quando Atlas se pronuncia com relação a "esperança p/ ele, Abel e o povo de Asgard", faz menção ao sabido por ele via a carta de Alberich, daí ele ter um prévio conhecimento sobre o que aquela nação enfrentava, dificuldades etc.

    P/ o pessoal que estiver lendo, não me condenem pelo paradoxo ali acima, as coisas ficarão claras com o decorrer do jogo.
    Acho que no geral é isso.
    Good luck, have fun!

    PS:

    "..." = pensamentos
    - ... = falas
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    Mensagem por Convidad Qui Out 14, 2010 10:53 am

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    "Então este é Atlas de Karina? Que homem mais obediente e formal..."

    Pouco antes de Atlas dizer seu nome, o tal asgardiano, que lhe dera as coordenadas da Praça Vermelha, em Moscou, girara sobre seus calcanhares e agora o encarava. Diferente do tom grave, sombrio da carta que remetera, aquele homem vestido em preto era muito mais jovem e tinha uma aparência demasiado delicada para o que poderia se esperar de um asgardiano, segundo dizem as vozes das histórias e lendas sobre a terra dos vikings. Aquele jovem diplomata do Norte tinha olhos muito verdes, como duas esmeraldas luminosas, e amendoados, que insistiam em encararar a íris crepitante de Karina.

    Era, aliás, o que mais se destacava naquele corpo um tanto quanto franzino para um asgardiano: seus olhos, como adagas de lâmina fria, que a tudo pareciam perscrutar como as mãos hábeis de um cirurgião, eram dois satélites incrivelmente astutos. Em segundo, e Atlas, talvez, fosse achar uma característica ainda mais marcante, a pele de Alberich era bastante pálida. Tão pálida quanto o outono naquele céu gris de Moscou. Pálida como uma face de porcelana.

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    "Realmente abandonou o calor de seu pobre exílio para enfrentar os ventos gelados destas terras! Hunf! Tenho que tirar o chapéu para esse cão de peito estufado..."

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    "E ainda é capaz de dizer seu nome e sua designação de guerreiro, mesmo que eu sequer tenha perguntado! Estou diante de um homem honrado? Uh Uh Uh... Que divertido!"

    Em seus pensamentos, tal como se confabulasse com um secreto cúmplice de alguma traição na alta corte de Asgard, Alberich desprezava, um pouco por esporte, aquele tal Atlas de Karina, "servo do grande deus sol". No fundo, porém, Megrez sabia que mesmo o mais humilde dos homens tinha seus propósitos e sua utilidade, de forma que jamais poderia ser inteligente encarar essas "peças" em potencial com excessiva soberba.

    Aliás, a face que Alberich viria a exibir, a partir de agora, seria totalmente contrária ao que ia, verdadeiramente, em seu coração. Seus olhos se dilatariam um pouco, como duas janelas que se abrem convidativamente para a transparência e a virtude da alma. Um sorriso jovem brotaria em sua boca, terno e reservado, e sua mão se estenderia, oferecendo um cumprimento sincero e forte de seus fracos dedos. Megrez, além do quê, lutaria por manter seu cosmo tão baixo quanto possível. Naquele instante ele seria, pensava, o mais amável diplomata que Asgard já tivera, diferente do cérebro frio e implacável que, por tantas vezes, resolvera impasses políticos por mão de alguma chantagem ou alguma forma de intimidação.

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    - Me desculpe, eu não devo me permitir sorrir num momento desses.......

    Fez uma breve pausa, enquanto mantinha a mão aberta diante de Atlas. Seu rosto baixou, involuntariamente, como se quisesse se recuperar daquela pequena gafe, totalmente humana, absurdamente inocente. Seu rosto retornava, agora apenas simpático e tímido.

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    - É que... Eu jamais imaginei que eu, um homem simples e mortal como sou, poderia ser ouvido por seu grande senhor Abel. Apesar de ter escrito palavras pesadas demais, secas demais em minha carta... Não esperava... E... ah! A propósito... (perdoe-me minha falta de educação!)

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    - Meu nome é Kolya.

    Disse aquilo com uma tremenda convicção. Alberich era Kolya, tanto quanto Siegfried era Pedro ou Syd era João. Mas a secura com que dizia aquilo, sem tremer as pálpebras, sem esboçar nenhum vacilo em seu forte e corajoso timbre de voz, poderia assustar quem o conhecesse mesmo superficialmente. Em seguida, dando maior naturalidade à farsa que improvisava, simulou um erro prático, voltando atrás em sua denominação com um misto de gentileza e embaraço:

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    - Digo!... Nikolau¹! Kolya é um apelido, naturalmente. É como meus amigos mais próximos me chamam, em Asgard. Mas, se você quiser... Pode me chamar como meus amigos me chamam. Não é nem um pouco inadequado.

    Alberich, ou melhor, Kolya, não sorria nem um pouco. Seus olhos poderiam se estreitar em algo semelhante a um sorriso, sim, mas sua boca pálida permanecia imóvel, como uma figura mitológica no mármore das colunas de Valhalla. Enquanto uma de suas mãos permanecia aberta, como um convite destinado a Atlas, para que se aproximasse daquele novo mundo que o Exílio escondera de seus olhos, a outra ainda segurava e tateava, neuroticamente, os ponteiros do pequeno relógio de bolso. Era estranho, mas lembrava-se, agora, enquanto sustentava aquela postura idiota, que sempre quando mentia, ou agia com cinismo e falsidade, sua mão tendia a alisar aquela porcaria. Apenas um fato curioso.

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    - Aliás....... Posso ser franco? Fico feliz que seu senhor tenha se interessado por minhas palavras, e que o tenha mandado para cá. Eu... Já estava perdendo as minhas esperanças neste mundo que está muito longe de renascer para a verdadeira luz.

    Do bolso esquerdo Kolya puxou uma prateada correntinha que terminava em um pequeno e belo relógio de bolso. Abriu-o e, em seguida, mostrou, num gesto um tanto quanto infantil, os ponteiros demarcando a hora: 14h55min. Um vento bateu, ocasionalmente, contra os corpos dos dois. Os cabelos ruivos do jovem asgardiano moveram-se naquela rala e gélida bruma em movimento; atrás de sua franja, que descambava mais para um dos lados de seu rosto, revelava-se de soslaio um longo ferimento de corte, mal cicatrizado e marcado por um rastro de coágulo sobre o hematoma. Ignorando, apenas aparentemente, que seu ferimento era exibido, Kolya continuou:

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    - Em cinco minutos os exércitos da União Soviética ocuparão este lugar. É melhor tomármos distância e acompanhar tudo de longe...

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    - A propósito,... você leu a minha carta? Huh. Se leu, tenho certeza que uma grande interrogação o está perturbando aí, pesando sobre sua cabeça, revolvendo seus neurõnios... Ela também me perturba, sabe, Atlas? Perturba, e não só a paz do meu coração ela perturba, como também a paz do meu povo, hoje exilado nas terras geladas e sombrias do Ártico, meu povo... hoje esquecido do que é sentir o sol queimando energia e pureza sobre suas cansadas costas...


    OFF: Nikolau é, obviamente, um nome falso. Seu significado é: "o filho do povo vitorioso", ou "o vencedor do povo".

    A Carta mandada por Alberich:


    "Grande senhor Abel...

    ... O grande e único sol que ilumina a frágil esperança desta nova geração...


    Deus está morto.


    E a humanidade,

    que tanto amamos, caminha uma estrada escura demais para o pretenso brilho do fogo de seu conhecimento.

    Porém, ainda há esperança... Eu sei que há...

    Por isso escrevo, e por isso aguardo o seu chamado, nem que isso custe minha vida inteira a esperar.



    Asgard."
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    Mensagem por Convidad Seg Out 18, 2010 8:49 pm


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    E nos olhos dele, viu o verde. Um verde suave; suavidade, contudo, beirando o limiar. Na outra face daquela esmeralda – e um breve arrepio lhe percorreu a espinha – imperava o breu. Um breu que o filho de Abel não tinha a certeza, e não se arriscaria a andar no escuro – não quando o terreno não lhe era familiar.

    A mão alheia fendeu o gélido ar e nela, Karina notara o calor convidativo e amistoso de um homem. Atlas viu-se libertado daquele feitiço verde. Seus olhos piscaram algumas vezes, como tivesse, só agora, voltando à realidade em questão. Tão logo pararam de piscar, exibiram uma vez mais a robusta chama. O calor transpareceu nos desenhos dos lábios, dando a forma de um sorriso. Tão logo veio o júbilo, tão logo se foi.

    “- Me desculpe, eu não devo me permitir sorrir num momento desses.”


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    “Eu compreendo...”.

    Não ousou abrir a boca, não. Porém seus pensamentos ousaram. Tanto ousaram que a imagem de seu pai Abel lhe ocorreu. Lembrou-se do momento íntimo em que deixou escapar um discreto sorriso – em virtude das boas novas vindas do continente gelado em questão. Lembrou-se que, naquele momento não tão distante, também ficara sem graça, negando a si mesmo a doce sensação de estar alegre; negou ao coração aquela batida em passos de júbilo.

    O discurso alheio era como a brisa: passageira e dispersa. Poderia ser um ato de má educação, no entanto não era proposital. Permanecia absorto em seu mundo, além mar, levando-o próximo ao seu deus. Deu-se, então, conta do real significado do Exílio.


    [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
    “Agora eu entendo e compreendo. Nosso exílio não é uma simples privação do mundo, e sim dos próprios sentimentos.”

    Então os olhos tinham um nome. Retornou a si quando o nome “Kolya” lhe foi revelado. O homem da tez alva, o fantasma da dualidade verde, tinha um nome. O timbre ressonou com força. E no timbre robusto que Atlas de Karina buscou a certeza daquilo que significaria não um mero acordo entre homens, entre nações, entre reinados, povos. E sim uma aliança que semearia a luz em meio àquelas terras de uma negritude eterna; uma aliança que resgataria Abel e a Coroa do Sol.

    Uma luz que não vinha somente do divino, não. Afinal ela era um pouco... verde. E essa era a razão de ainda hesitar em tomar a mão do homem para si, num cumprimento que selaria essa aliança.

    Kolya era Nikolau. No entanto, Atlas era Atlas. Não importava que aquele houvesse ofertado a mão; ofertado a amizade declarada. Nada disso teria a importância devida se não lhe fosse ofertada a confiança daquele que se mostrava... verde. Por mais convicto e verdadeiro que Kolya fosse, – o chamaria de Kolya, pois não o havia aceitado como alguém próximo, ou como ele havia sugerido: amigo – o primogênito de Abel não era bobo. Não sairia de uma escuridão além mar para adentrar em outra.

    Num ato instintivo, assim que Kolya trouxe a mão à vista, os olhos focaram o requintado relógio de bolso. Pode ter a certeza da hora que era, pois acompanhou com precisão as pantomimas de Kolya. Os 5 restantes minutos denunciavam o início de um ritual local – assim julgou Atlas ao ver uma mobilização mais ao fundo, oriunda do Campanário de Ivan.

    Por fim, após aquele jogo de primeiras impressões, Atlas deixaria as palavras escorrerem através da garganta, dando vida à sua voz. Mas antes que pudesse discursar, contrariando a si mesmo, tomou a mão de Kolya e o cumprimentou num mentiroso aperto.

    - Kolya... tanto o teu povo, quanto Abel e os Coroas do Sol, vivem no exílio. Ambos vivem privados de luz. Compartilhamos de situações semelhantes, mas... o que você e o seu povo podem ofertar a Abel? Não se engane. Abel é um deus benevolente, porém no estado em que se encontra, ele não sairia da escuridão para se arrastar à outra. Está claro que meu pai, e deus, traria a luz, daria ao povo o Sol de que tanto precisam, como tu mesmo dizes. Qual é a oferta, Kolya?

    Se Atlas encontrasse a tão almejada esperança e confiança naquele fantasmagórico verde, então selaria a aliança com um aperto de mão digno.


    --------------------

    OFF:Sorry, Edu. Tive uns contratempos. Não ficou do jeito que eu queria. Sinto como se tivesse atropelado várias coisas, mas... fazer o quê!


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    Primeira rodada - Grupo 4: Atlas de Karina (Lorenzo) X Alberich de Megrez (Karasu) Empty Re: Primeira rodada - Grupo 4: Atlas de Karina (Lorenzo) X Alberich de Megrez (Karasu)

    Mensagem por Convidad Sáb Out 23, 2010 11:09 am

    Expirou o tempo de postagem para o participante Alberich (Karasu).

    Vencedor: Atlas (Lorenzo)

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    Primeira rodada - Grupo 4: Atlas de Karina (Lorenzo) X Alberich de Megrez (Karasu) Empty Re: Primeira rodada - Grupo 4: Atlas de Karina (Lorenzo) X Alberich de Megrez (Karasu)

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      Data/hora atual: Sáb Nov 23, 2024 6:07 am